É o assunto cultural do Rio de Janeiro, desde sábado, quando O Globo publicou matéria de página inteira com o título Museu abandonado: a situação de emergência máxima em que se encontra o Museu Mariano Procópio, em nossa vizinha Juiz de Fora. Trata-se de um dos mais ricos patrimônios do Brasil Império, talvez mesmo o mais rico, inacessível ao olhar do público há mais de quatro anos, tempo que o museu permanece fechado...
Porém, verdade seja dita, e a matéria não disse, mesmo fechado, a atual direção doMariano Procópio tem realizado um trabalho primoroso de conservação de seu acervo, com os parcos recursos disponíveis, e até de exibição de parte dele, como fez há dois anos, com a exposição Doce França, realizada no Museu de Arte Murilo Mendes, somando elogios entusiasmados da própria Família Imperial Brasileira presente à abertura. A cenografia, a sinalização, o catálogo, o seminário, o caderno educativo... um projeto que nada ficou a dever a qualquer exposição similar em grande museu europeu. E não ficou mesmo. Eu estava lá...
Bem, vocês sabem que, pela proximidade das duas cidades, a simpatia entre elas é recíproca. Todo juizforano se sente um pouco carioca, e não há carioca que não tenha algum tipo de laço com Juiz de Fora, seja através de parentescos, mesmo distantes, ou de amizades. Daí que, briga deles é briga nossa. Polêmica que chegou à varanda doCountry Club do Rio, onde, no fim de semana, Verinha Bocayuva, a filha de Baby Bocayuva Cunha, político saudoso, bastava encontrar um mineiro influente, que logo perguntava provocadora: "E aí, Minas vai deixar o Museu Mariano Procópio virar federal?". Assim ela fez com, entre outros sócios, o senador Francisco Dornelles eBreno Neves, primos do Aécio...
Eu também tive o meu jeitinho de perguntar, mas foi via email à secretária de Estado de Cultura de Minas Gerais, Eliane Parreiras, já que não li na reportagem publicada no jornal o que pensa sobre isso o Governo de Minas. Afinal, trata-se do mais antigo e mais importante museu de Minas Gerais...
Sabedora do empenho do Governo de Minas na criação de inúmeros novos museus (alguns deles até sem acervo próprio), com alto investimento financeiro, eis aqui as perguntas que fiz à secretária Parreiras e suas respectivas respostas...
1. Qual a posição de Minas Gerais sobre a proposta do governo Federal em federalizar o Museu Mariano Procópio, a fim de permitir sua reabertura? Qual seria o impacto da federalização do Museu Mariano Procópio, insinuada na reportagem sob a alegação de incapacidade financeira?
R. O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, mantém um diálogo permanente com o Município de Juiz de Fora, para construir a melhor solução para a reabertura do museu. No final do mês de julho, já está agendada uma reunião entre a Secretária de Estado de Cultura de Minas Gerais, Eliane Parreiras, o presidente do Ibram, José Nascimento Jr, e a Prefeitura de Juiz de Fora, para discutirem juntos – União, Estado e Município - essa questão.
2. Qual solução para reabrir o Museu Mariano Procópio, diante da alegação de falta de recursos da Prefeitura de Juiz de Fora para promover as obras necessárias?
R. Essa questão vem sendo amplamente discutida com a direção do museu. O Governo de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Cultura reconhecem a importância do Museu Mariano Procópio para Minas Gerais e o Brasil, e entendem que seu acervo singular deve voltar logo a estar disponível ao público.
3. Existe alguma negociação ou apoio do Governo em relação ao Museu Mariano Procópio?
R. A Superintendência de Museus e Artes Visuais, órgão vinculado à Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, acompanha de perto as questões pertinentes ao Museu Mariano Procópio, estando sempre presente em seminários e encontros que visam a busca de caminhos e apoio. O Governo de Minas apóia o Museu Mariano Procópio por meio do Fundo Estadual de Cultura, pelo qual repassa recursos para ações de higienização e diagnóstico das pinturas do acervo. Importante ainda destacar que o Museu tem realizado diversas ações educativas para o público, além de melhorias na reserva técnica, na preservação do acervo e realização de seu inventário. No momento, estamos em negociação para viabilizar novos investimentos para a continuidade das obras.
Como vemos, a secretária Eliane Parreiras gentilmente respondeu às perguntas, quase todas, pois manteve no ar, sem resposta, a questão-chave do impacto que teria a federalização do Mariano Procópio, insinuada na reportagem de O Globo, e que o povo mineiro, sempre cioso de seu patrimônio cultural, certamente tanto teme.
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