Nova sede, às margens da BR-356, e projeto reformulado dão fôlego à instituição de Amarantina
Casario colonial mineiro foi reproduzido fielmente em miniaturas expostas no Museu das Reduções
Criado em 1980, talvez ele seja o museu mais encantador de Minas. Fazem a delícia de quem visita o local as 26 réplicas de imóveis históricos brasileiros, 25 vezes menores que os originais. Há edificações do período colonial, como a ouro-pretana Casa dos Contos, e obras-primas da arquitetura moderna, como o Palácio da Alvorada, de Oscar Niemeyer. As peças foram feitas com alvenaria e receberam acabamento em metal, madeira e cerâmica – tudo com preciosa minúcia. Isso exigiu até a criação de ferramentas adequadas para o trabalho em escala. A Igrejinha da Pampulha, por exemplo, traz a recriação do painel externo de Portinari e minúsculos azulejos.
Orgulho de família
O Museu das Reduções foi criado pela família Alves Vilhena, de Campanha, no Sul de Minas. Ennio e Sílvia eram bancários; Décio piloto de avião; e Evangelina funcionária pública. Todos já morreram. Aposentados, os irmãos observaram a habilidade de Ennio para construir miniaturas. Decidiram mergulhar no projeto. A inspiração veio de instituição que Sílvia e Evangelina conheceram na Holanda. Por volta de 1978, a família alugou pequeno ateliê em Amarantina. Em 1980, os irmãos compraram pequena área e construíram a sede.
Ennio era o “artesão mor”, criou a técnica de construção e as ferramentas. Encarregava-se da alvenaria, de trabalhar o metal e a madeira bruta. Décio cuidava das plantas, da escala referencial e de entalhes finos. Sílvia era responsável por desenhos, pinturas e esculturas. “Evangelina coordenava tudo. Ela foi muito importante, pois aparava brigas e vaidades, cuidava da casa”, observa Carlos Alberto.
Entre os fãs do projeto, conta ele, estão intelectuais e escritores como Paulo Sérgio Rouanet, Ângelo Oswaldo de Araújo, Rui Mourão e Murilo Badaró, já falecido, que presidiu a Academia Mineira de Letras. Diante do empenho da família, Carlos Alberto sente “responsabilidade moral” de manter o acervo. Até pediu demissão no banco em que trabalhava para cuidar de tudo.
“O mais bonito, até mais que a obra, é o contexto em que surgiu a coleção. Este museu é a realização de quatro idosos aposentados, que foram em busca de um sonho”, explica ele. O diretor acompanhou o pai e os tios, com álbum de fotos nas mãos, em sua peregrinação em busca de patrocínio. “Várias vezes, as pessoas nos trataram com ironia, ao ver aqueles quatro com mais de 70 anos propondo a criação de museu para miniaturas”, relembra. O apoio veio da entidade filantrópica europeia Lateinamerika-Zentrum (LAZ).
No anexo, funciona uma escola de informática, que oferece aulas gratuitas e educação patrimonial para alunos da rede pública de Ouro Preto, Mariana, Nova Lima e Itabirito. Desde 2010, foram atendidos 4,5 mil estudantes, informa Carlos Alberto.
MUSEU DAS REDUÇÕES
Rua São Gonçalo, 131, Amarantina, distrito de Ouro Preto. Funciona das 9h às 17h. Fecha para manutenção às terças-feiras. Ingresso: R$ 8. Menores de 5 anos não pagam.
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