Raphael Gomide
Embora em menor intensidade, os ataques do tráfico às forças de pacificação, como o que matou a policial militar Fabiana Aparecida de Souza, não são novidade nos complexos do Alemão e da Penha. As tropas do Exército sofreram muitos atentados a tiros no período em que ficaram na região, entre dezembro de 2010 e o último dia 9.
Reprodução
Fabiana era policial havia um ano e trabalhava na UPP Nova Brasília
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Há algumas diferenças táticas, porém, no atentado. Surpreendeu o fato de o ataque ter acontecido na favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, mais controlado e menos hostil que o vizinho, da Penha. Outro elemento novo foi o uso de muitos fuzis no atentado – um disque-denúncia recebido falou em 12 armas longas. Por último, o ataque deliberado e planejado, como o que matou a PM, era menos frequente que os tiros disparados por criminosos flagrados e em fuga.
A única ação planejada claramente identificado ocorreu no dia da visita do príncipe Harry ao local, quando foram alvejados por 40 disparos, simultaneamente, em dois lugares diferentes.
O começo deste ano foi o período em que os militares do Exército mais sofreram ataques. A área mais violenta era a Vila Cruzeiro. À época, o comandante da Força de Pacificação, general-de-brigada Tomás Miguel Miné Paiva, atribuiu o aumento da intensidade a uma reação à presença ostensiva em massa e ao sistema de patrulhamento ostensivo e em becos e vielas adotado.
Agência Estado
Policiais da UPP foram alvejados por traficantes na Nova Brasília
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Apenas entre 26 de janeiro e 29 de março, os militares do Exército foram vítimas de ao menos 22 tiros de fuzil, 114 de pistola ou revólver, além de 37 rojões ou bombas e cerca de 70 pedras ou garrafadas. Houve ainda 42 “formações de turba” (protestos). Só em fevereiro, tinham sido 102 “ações hostis” – até então, o maior número havia sido registrado em fevereiro, 34, e a média mensal era de 15 casos.
Como resposta, o Exército disparou 42 tiros de advertências (para o alto) de fuzil, 16 de pistola e 400 de espingarda calibre 12 e 32 granadas de luz e som.
Segundo o general Tomás, ataques à tropa eram frequentes nos complexos da Penha e do Alemão.
Marcelo Piu/ Agência O Globo
Segundo o general Tomás, ataques à tropa eram
frequentes nos complexos da Penha e do Alemão
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Para o general Tomás, definiu como de “grande hostilidade” a ação dos moradores dos complexos da Penha e do Alemão em relação à tropa. Subcomandante do Batalhão do Brasil no Haiti, em 2007, o oficial afirmou ao iG que o Alemão é muito “mais violento” e a missão é mais “complexa” que a do Haiti. O general-de-brigada Carlos Sarmento, que o sucedeu, porém, afirmou ao assumir que “o Alemão continua um paraíso”.
Durante os 20 meses de ocupação do Exército, foram apreendidos 12 fuzis (além de réplicas) do total de 38 armas obtidas, segundo balanço oficial da Força. Também foram arrecadados 2879 projéteis (sendo a metade, 1435, de fuzil), 76 quilos de cocaína e 60 quilos de maconha. Os militares prenderam 263 e detiveram 470.
Durante o primeiro momento de operação de tomada dos complexos, no fim de novembro e início de dezembro de 2010, as forças de segurança apreenderam 466 armas, sendo 140 fuzis.
Policiais e militares do Exército, porém, sempre admitiram que devia haver ainda grande quantidade de armas escondida ou que conseguira ter sido levada para fora das comunidades.
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