Centenas de pessoas participaram do ato público contra a violência realizada na manhã deste sábado (2), no Bairro Benfica, Zona Norte. A ação se deu em decorrência de um assalto a padaria, na quarta-feira (30), no qual uma empresária de 38 anos foi atingida por um tiro no abdômen. A vítima permanece internada na UTI do Hospital Monte Sinai, e seu estado de saúde é considerado regular. Além dela, um adolescente de 16 anos, que teria participação no crime, também foi atingido pelo autor. O jovem está internado no HPS com um projétil alojado na região cervical. A previsão é que ele seja transferido da urgência para a enfermaria ainda hoje.
Na manifestação, a maioria dos comerciantes baixou as portas de seus estabelecimentos por cerca de uma hora em sinal de protesto. Com bandeiras pretas e cobrando maior rigor no policiamento, eles fecharam duas ruas, a Martins Barbosa e a Evaristo da Veiga, por aproximadamente 40 minutos. Um dos participantes do ato, o protético Gerson da Silva, 61, morador de Benfica, disse que a população se sente coagida com os crimes que ocorrem, principalmente nas madrugadas. "As viaturas circulam pelo bairro, mas ficam paradas em esquinas. Não vemos policiais andando pelas ruas. À noite, é comum ouvirmos tiros."
A família da comerciante baleada também esteve presente no local. A irmã da vítima, Sônia Regina de Abreu, 50, que também é proprietária da padaria, disse que a criminalidade na região tem aumentado e que as ações são cada vez mais violentas. "Eu mesma já sofri três tentativas de assalto. Estamos preocupados com a situação."
Monitoramento
Conforme o comandante do policiamento do programa "Ambiente de paz", tenente Fernando Fernandes, a Polícia Militar implantou um monitoramento específico para a região de Benfica, com um trabalho ostensivo pelas ruas. "Nosso foco é combater o crime e diminuir a criminalidade violenta ao máximo. Infelizmente, casos isolados como o desta semana, são difíceis de evitar. Apenas em nossa região reduzimos o número de ocorrências deste tipo em 25% em um ano." O tenente explica, ainda, que reuniões são realizadas constantemente com a comunidade para que novas ações sejam planejadas. O programa instalado em Benfica há cerca 30 dias conta com 17 policiais, sendo 16 nas ruas e um realizando atendimento no prédio, instalado na Praça Jeremias Garcia.
Um dos organizadores da manifestação, o funcionário público Júlio César Marques, 43, disse que a ação foi satisfatória, embora a comunidade ainda aguarde o posicionamento das reivindicações impostas. Uma delas é que, pelo menos, duas ambulâncias do Samu tenham como base a Zona Norte, a fim de evitar demoras no atendimento. De acordo com a assessoria da Secretaria de Saúde, existe uma proposta de descentralização das ambulâncias, e uma unidade do Sistema de Transporte Inter-hospitalar (STI) fica disponível na Policlínica de Benfica. Ainda segundo a pasta, a sede do Samu será transferida para um anexo no Hospital Regional de Urgência e Emergência, ainda em construção, facilitando o atendimento na Zona Norte.
O ato terminou por volta das 11h. De mãos dadas, os participantes rezaram pela saúde da comerciante baleada.
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