O embaixador Luiz Alberto Figueiredo, secretário-executivo da Comissão Nacional para a Rio+20, disse neste sábado que entre 105 e 110 chefes de Estado já confirmaram presença na Rio+20. “Nós recebemos novas confirmações essa semana”, disse Figueiredo, que está em Nova York para a rodada extra de negociações para a criação da declaração final da conferência, a ser assinada por todos os países presentes no Rio de Janeiro.
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O negociador chefe da delegação brasileira considera natural que alguns presidentes de países grandes, como o americano Barack Obama, deixem para decidir se vão ao Rio somente na última hora. “É muito natural, foi assim em 1992 também (durante a Rio92), quando o presidente George Bush anunciou sua ida somente na véspera”, afirmou o embaixador.
Além da dúvida em relação à participação de Obama, a primeira ministra alemã, Angela Markel, e o britânico, James Cameron, já informaram que não irão à Rio+20.
Quando questionado se algumas delegações haviam cancelado a ida ao Brasil, Figueiredo disse que muito pelo contrário. “Todos estão muito contentes com a ação do governo com a questão dos hotéis, eu tenho recebido várias manifestações de agradecimento”, disse ele. Semanas atrás, o governo brasileiro foi criticado por não atuar junto aos hotéis do Rio de Janeiro que estariam cobrando diárias extorsivas dos futuros participantes da Rio+20.
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Em relação aos avanços das negociações em Nova York essa semana, Figueiredo se disse mais otimista porque a dinâmica de discussões mudou. Anteriormente, os ajustes ao texto eram feitos somente durante o trabalho da plenária com os países. Essa semana, os co-presidentes das negociações passaram a se reunir com pequenos grupos para definir pontos mais problemáticos. “Eu gostaria que fosse mais (o avanço), mas estou satisfeito com o que está acontecendo. Vamos ter trabalho a fazer no Rio, mas é natural que seja assim”, disse ele.
Novamente, o embaixador voltou a afirmar que, na declaração da Rio+20, não se deve esperar objetivos e metas de desenvolvimento sustentável, apenas uma ideia mais ampla de futuros objetivos (que serão então negociados entre 2013 e 2015).
O que deve estar na declaração é:
- A adoção da ideia sobre o que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
- O lançamento de um processo negociador com tempo determinado para adoção desses objetivos e de metas numéricas em relação a eles
- Os princípios que irão reger esses objetivos, como, por exemplo, o princípio da universalidade (validade em todos os países), e o fato dos objetivos englobarem sempre as três dimensões do desenvolvimento sustentáveis (econômica, social e ambiental, não somente ambiental)
O tema mais complexo e menos consensual, segundo Figueiredo, continua sendo o financiamento do desenvolvimento sustentável em países pobres. Os países ricos tem reclamado que o G77+China (grupo de países em desenvolvimento, do qual o Brasil faz parte) participam pouco financeiramente do orçamento da ONU, por exemplo. Mas exigem que os países ricos financiem grande parte do plano de desenvolvimento sustentável do mundo.
As negociações em Nova York se encerram nesta sábado. No final da tarde, os co-presidentes recebem o mandato para escreverem um texto consolidado, que deverá ser distribuído nos próximos dias, trazendo as modificações realizadas essa semana. Esse texto será levado ao Rio de Janeiro para a rodada final de negociações entre 13 e 15 de junho. Após essa rodada final, a declaração da Rio+20 deverá estar praticamente pronta para que os líderes a discutam e assinem entre 20 e 22 deste mês.
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