Militar integraria máfia da contravenção ligada ao jogo do bicho e caça-níqueis na Zona da Mata
ALAIR VIEIRA / ARQUIVO
Deputado Sargento Rodrigues investiga caso em Juiz de Fora
A Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Assembleia Legislativa investiga suspeita de enriquecimento ilícito por parte do capitão da PM Yoshio Luiz Yamagushi, que estaria ligado à máfia da contravenção em Juiz de Fora. Nesta segunda-feira (4), o deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT), que é membro da comissão, apresentou fotos tiradas na última sexta-feira, que mostram cinco imóveis, avaliados em R$ 135 mil cada um, que pertenceriam ao capitão. “Além disso, ele mora em uma casa de alto padrão no bairro Bom Pastor,em Juiz de Fora, o que é incompatível com o seu salário, que gira em torno de R$ 4 mil”, revelou.
A CDH se reuniu nesta segunda-feira (4), em sessão secreta, para dar continuidade à discussão sobre denúncias, divulgadas com exclusividade pelo Hoje em Dia, relativas à existência de crime organizado em Juiz de Fora, relacionadas à exploração de máquinas caça-níqueis e jogo do bicho. Foram convocados a prestar depoimento os delegado Fernando Camarota Filho, acusado de receber propina, Alexandre Soares e Eduardo da Silva. Além de mais 13 pessoas entre policiais, procurador e promotor. Era aguardada a presença do capitão Yamagushi que não compareceu, assim como outros cinco convocados.
Outra apuração em curso se refere à informação da Polícia Federal que comprova a participação de um promotor de Justiça que teria conhecimento do pagamento de propina no valor de R$ 10 mil a um delegado e a um investigador da Polícia Civil de Juiz de Fora. Os nomes dos envolvidos não foram revelados. “Esse promotor nada fez por causa da amizade que tinha com o delegado que estaria recebendo propina”, explicou o parlamentar.
Sobre Yamagushi, sargento Rodrigues declarou que será verificado se houve recebimento de herança que justificaria a obtenção dos imóveis. “Sou conhecedor dos salários dos policiais, soldados e coronéis e sei que o capitão recebe cerca de R$ 4 mil, porque paga duas pensões alimentícias. Por isso o fato dele ter essas cinco casas é um forte indício de que estaria recebendo dinheiro dos caça-níqueis”, acusou.
A CDH pretende ir a Juiz de Fora para ouvir duas testemunhas que foram convocadas e não participaram. O promotor suspeito de acobertar o pagamento de propina também será convidado para falar.
Segundo o presidente da comissão, deputado Durval Ângelo, os fatos também indicam suposto envolvimento de agentes públicos da administração municipal em atividades criminosas na cidade, especialmente as relacionadas a jogos de azar.
Na reunião, Sargento Rodrigues questionou os presentes sobre denúncias relativas à violação de noteiros de máquinas caça-níqueis por peritos da Polícia Civil, durante uma operação para apreensão desses equipamentos. Durval Ângelo chamou a atenção para o fato de que máquinas apreendidas estariam retornando para as casas de jogos de azar.
Para Rodrigues, ficou claro que a exploração do jogo de bicho e caça-níqueis em Juiz de Fora tem ligação com o esquema de Carlos Cachoeira, em Goiânia. “Os aparelhos onde hoje se faz os jogos de bicho foram encomendados e vieram de Goiânia”, explicou.
Dados da Polícia Federal apontam que Juiz de Fora possui, proporcionalmente, um número muito maior de máquinas caça-níqueis e vídeo bingo do que o Rio. Além disso, nos últimos quatro anos em BH foram apreendidos 3 mil máquinas, enquanto que em JF, no mesmo período, foram encontrados 4 mil aparelhos.
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