terça-feira, 15 de maio de 2012

Corte dos juros não deve ser incentivo para contratar empréstimos, alertam especialistas


As recentes reduções nas taxas de juros cobradas nos financiamentos têm como objetivo facilitar a obtenção de crédito e estimular consumo. Porém, os brasileiros devem avaliar se é o momento para fazer um empréstimo, recomendam os especialistas.


No cenário atual, mesmo com juros mais em conta, pegar dinheiro emprestado é uma estratégia válida apenas para quem está atrelado a formas agressivas de financiamento, como contratos antigos, com taxas mais caras, rotativo do cartão de crédito, cheque especial, financeiras, entre outras. Assim, pega-se empréstimo com a taxa mais barata para quitar a dívida cobrada com juros mais caros. 

Para Nelson de Sousa, professor de Finanças do Ibmec/RJ (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), as taxas ainda estão elevadas, especialmente os juros de cheque especial. 

—O ideal é pagar à vista. Lógico que o financiamento é interessante, mas não nas condições atuais. 


As taxas de juros cobradas em financiamentos atingiram o valor mais baixo em 17 anos, de acordo com a Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). 

Porém, o País só não tem os juros mais altos do mundo porque foi ultrapassado pela Rússia, cuja taxa atual (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses) é de 4,2%. Aqui, os juros são de 3,4%. 


Cálculos feitos pelo vice-presidente da Anefac, Miguel  de Oliveira, demonstram que a queda dos juros é pouco refletida no bolso do consumidor (veja simulações abaixo). Portanto, são necessários cuidados com o orçamento doméstico para não ficar inadimplente e ter o nome negativado. 

Comprometimento da renda

A coordenadora institucional da Pro Teste, Maria Inês Dolci, recomenda cautela ao contrair empréstimo, pois a renda não pode ficar comprometida com despesas acima de 30%. 

— O consumidor deve entender que as reduções nas taxas não são válidas para todos e os bancos têm critérios. O estímulo ao consumo é uma estratégia interessante do governo, mas cabe ao consumidor avaliar se é o momento de fazer um financiamento ou se é melhor guardar o dinheiro. 

Para Sousa, do Ibmec/RJ, os cortes nos juros não são suficientes para ampliar as compras. 

— O cenário ideal para o consumo é o governo baixar o IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] que ele mesmo aumentou no ano passado para as pessoas físicas. Enquanto isso, o cliente deve pesquisar as taxas entre os bancos e checar se não há exigência de contrapartidas, como só obter benefícios se tiver conta-salário no banco.
 
Verifique se está na hora de fazer um empréstimo
- Pesquise a taxa de juros e demais acréscimos;
- Verifique se o banco que oferece a menor taxa não exige uma condição em troca, como a obrigatoriedade de ter a conta-salário naquela instituição;
- Evite comprometer seu orçamento com dívidas;
- Evite empréstimos de longo prazo que resultem em custos maiores;
- Tente não entrar no rotativo do cartão de crédito e do cheque especial, que possuem as maiores taxas de juros;
- Lembre-se de que o cheque especial não é renda e deve ser utilizado por um período curto e emergencial. Se precisar usar esse limite por um período maior, procure a sua instituição; financeira e faça um empréstimo pessoal (que tem custos menores) para liquidar o cheque especial
- Utilize linhas mais baratas como o microcrédito, que tem taxa de 2% ao mês; o penhor de jóias, da Caixa Econômica Federal, e o crédito consignado com desconto em folha;
- Se precisar de crédito para pagar uma dívida, procure o credor e proponha uma renegociação do prazo e das taxas de juros em uma condição que seja possível cumprir;Se possível, adie suas compras para juntar o dinheiro e fazer a compra à vista, evitando os juros;
- Caso não seja possível pagar à vista, pesquise, barganhe e compre nos menores prazos possíveis;
- Procure o gerente de sua conta e barganhe uma taxa menor. Se a tática não funcionar, mudar de banco pode ser uma boa opção. 
Fontes: Anefac, Proteste e Nelson de Sousa, professor de Finanças do Ibmec/RJ

http://noticias.r7.com/economia/noticias/corte-dos-juros-nao-deve-ser-incentivo-para-contratar-emprestimos-alertam-especialistas-20120515.html?question=0

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