sexta-feira, 6 de abril de 2012

Caixa reduzirá os juros, assim como fez o BB



Brasília e São Paulo. Os bancos públicos atenderam prontamente ao pedido da presidente Dilma Rousseff, feito na terça-feira ao lançar o pacote de incentivo à indústria, e baixaram os juros. Um dia após o Banco do Brasil ter reduzido as taxas para pessoa física e micro empresa, a Caixa Econômica Federal confirmou evento para anunciar medidas semelhantes nas suas linhas de crédito.

O banco informará os novos valores na segunda-feira, em Brasília. O programa, chamado de "Caixa Melhor Crédito", será similar ao do Banco do Brasil, com diminuição das taxas para consumidores e para as pequenas e micro empresas. No domingo à noite, o banco convidará clientes e não clientes a conhecerem, na segunda-feira, as novas taxas de juros oferecidas pela casa. Em comercial com a atriz Camila Pitanga, a Caixa apresentará institucionalmente o novo programa de crédito no intervalo comercial do programa Fantástico, da TV Globo, um dos horários mais caros da TV brasileira. A inserção comercial da Caixa terá 30 segundos e não apresentará as taxas, será apenas uma apresentação e convite para que os consumidores conheçam os novos juros.

O Banco do Brasil (BB) deve anunciar seu programa, o "Bompratodos", apenas no dia 15, mas já detalhou algumas linhas anteontem, "furando" a Caixa. "O Banco do Brasil optou por ser pioneiro na redução dos juros", disse o vice-presidente de Atacado, Paulo Caffarelli, que aposta que o comportamento do banco terá impacto no mercado.

Segundo interlocutores do governo, os estudos apontam que a tacada nos juros vai reduzir os ganhos dos dois bancos em mais de R$ 2,5 bilhões por ano. No BB, os juros do financiamento de veículos, por exemplo, cairão de no mínimo 1,24% ao mês para 0,99% ao mês. Quem recebe salário pelo banco terá juros de 3% ao mês no crédito rotativo do cartão. A taxa anterior chegava a 13,62%. A queda é de 78%.

O BB também lançou linhas específicas para estimular o consumo. O juro médio será reduzido em 45% na aquisição de eletroeletrônicos, materiais de construção, serviços de turismo, equipamentos de informática e outros bens e serviços. A Caixa, segundo fontes, poderá cobrar juros de apenas 1,30% ao mês no cheque especial. No cartão de crédito, a taxa cairá de 12,86% para 5,98%.
NA BOLSA
Mercado reage mal e ações caem
São Paulo. O mercado reagiu mal à iniciativa do Banco do Brasil de reduzir juros, que foi entendida como um sinal de interferência política. As ações fecharam em queda de 5,91% ontem e levaram junto os papéis de outros bancos: Itaú Unibanco recuou 3,08% e Bradesco e Santander caíram 3,08% e 1,79%, respectivamente. 

"Respondemos a isso dizendo que vamos aumentar o número de clientes e o volume de empréstimos. Em 2009, quando emprestamos na crise, as ações caíram, mas isso foi decisivo para aumentar nossa participação de mercado", disse Paulo Rogério Caffarelli, vice-presidente do BB. 

Bovespa fechou em alta de 0,26% ontem e foi salva pelo setor de energia e pela indústria.

Privados ainda "estudam"
Brasília. Apesar da determinação do Palácio do Planalto de usar os bancos públicos para forçar queda nos spreads (diferença entre o custo da captação e o valor cobrado do tomador final), dentro do próprio governo há dúvidas de que as duas instituições terão fôlego para segurar empréstimos tão baratos por muito tempo, caso haja uma corrida para eles. Há também preocupação com o risco. 

Em comunicados divulgados ontem após a redução dos juros pelo BB, o Itaú Unibanco informou que está analisando o cenário para decidir se reduzirá juros. Já o Bradesco afirmou que "avalia a possibilidade de redução" de suas taxas, enquanto o Santander disse que "vem reduzindo as taxas de juros de seus produtos nos últimos meses".
O QUE JÁ FOI ANUNCIADO
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