O Conselho Municipal de Trânsito aprovou na noite da última segunda-feira (com dez votos a favor e duas abstenções), reajuste de 10% no serviço de táxi em Juiz de Fora. Com a medida, que passa a vigorar a partir do dia 1º de abril, a bandeirada passa de R$ 3,50 para R$ 3,85 e o quilômetro rodado irá custar R$ 1,92 na bandeira 1 e R$ 2,30 na bandeira 2. O valor da hora parada será de R$ 17,20. O percentual definido, que se encontra acima da inflação dos últimos 12 meses de 5,84%, medida pelo IPCA até fevereiro, foi motivado por mudanças na metodologia da planilha de custos que embasa o cálculo, aplicadas pela Settra. O decreto com os novos valores ainda depende de sanção do prefeito Custódio Mattos. No entanto, o índice de reajuste desagradou usuários, insatisfeitos com a qualidade do serviço prestado na cidade.
Segundo informações do subsecretário de mobilidade urbana da Settra, Carlos Eduardo Meurer, as mudanças na planilha foram aplicadas a partir das queixas apresentadas pelos taxistas em discussão na Câmara Municipal no ano passado. "Em função das reivindicações originadas na época do decreto de 2011, a Settra começou a realizar encontros a partir de agosto no ano passado. Procuramos redefinir a metodologia de cálculo tarifário do serviço com representantes da categoria."
De acordo com Meurer, a nova metodologia tem como referência o cálculo tarifário da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Também foram levadas em consideração planilhas utilizadas nos municípios de Belo Horizonte e Uberlândia. Entre as principais mudanças estão a inclusão dos custos com uniforme, ampliação das lavagens mensais externas, de uma para 20, além de cálculo da pintura, repintura ou envelopamento dos carros nos padrões exigidos na cidade. A colocação de taxímetro e custos com peças e acessórios (bateria) também foram inseridos no cálculo. Segundo Meurer, também houve atualização no consumo dos veículos (8,5 litros de gasolina ou 5,95 de etanol por quilômetro), redução da vida útil dos carros (de 13 para 8 anos) e dos pneus (de 23.500 para 27 mil quilômetros rodados). Já a remuneração dos taxistas pulou de R$ 681,42 para R$ 1.027,02. "A partir do momento que ofertamos condição de melhoria da qualidade, já que os custos estão contemplados de forma mais correta na planilha, isso cria ambiente para a melhoria do serviço prestado", avalia Meurer.
Segundo o presidente do Sindicato dos Taxistas, Aparecido Fagundes, os itens incluídos irão possibilitar um cálculo mais real dos custos dos taxistas. "Teremos condições de ofertar um serviço de mais qualidade." Ainda segundo ele, um dos cálculos apresentados em pesquisas é o aumento da taxa de ocupação dos carros para 54%. "Isso se deve também as serviços de teletáxi. Há dez anos, a taxa de ocupação dos carros era de 46%."
Para o presidente da Associação dos Taxistas, Luiz Gonzaga Nunes, as mudanças atenderam à categoria. "Acho que será bom para todos os lados. Para os taxistas, que terão um cálculo mais justo, e para os clientes, que terão um serviço de qualidade." Porém, segundo ele, é necessário manter as fiscalizações sobre os prestadores do serviço e acompanhar a real necessidade de mais carros nas ruas. "Os novos veículos estão entrando agora. Vamos esperar a entrada de todos e o fim das obras no Centro para fazer uma avaliação global."
Clima nas ruas é de insatisfação
O aumento do valor cobrado pelo serviço de táxi não agradou os usuários da cidade. Atualmente, existe um veículo para cada 950 pessoas. A frota conta com 545 veículos e será reforçada com mais 54 carros. Ontem, nas ruas da região central, as filas não eram frequentes, mas a notícia do aumento indignou os passageiros. A aposentada Ilza Coelho diz que chega a esperar até 30 minutos pelos carros no Centro, diariamente. "Sempre uso táxi, pois moro na Rua Olegário Maciel, e o acesso de ônibus é mais difícil. Não dá para aumentar um serviço assim", avalia. A bióloga Ana Carolina Passarini também se queixa da demora dos carros. "Tem dias que são mais complicados, ainda mais com as obras na Rio Branco. Um aumento nessa hora é bem complicado, pois o serviço já está ruim."
O motorista de táxi Paulo, que prefere se identificar apenas pelo primeiro nome, também é vítima dos atrasos. "Outro dia precisei pegar um táxi para ir ao médico e esperei 40 minutos." Segundo ele, a demanda é muito grande, e o número atual de veículos não é suficiente para atender todos os usuários, sobretudo nos horários de pico. "A população aumentou e está usando mais esse serviço. "O problema é que muitos taxistas também não colocam os carros nas ruas, por isso a sensação é de que faltam veículos."
Quem também enfrentou problemas esse mês foi a designer de moda Leandra Cunha, que teve uma viagem para o Bairro Francisco Bernardino negada por um taxista. "Ele disse que não tinha gasolina e pediu que eu pegasse o carro que estava atrás. Discuti com ele e denunciei à Settra. É um absurdo esse tipo de comportamento."
Nenhum comentário:
Postar um comentário