"Lista de Furnas".
Investigações conduzidas pela Polícia Civil de Minas Gerais, através da Divisão Especializada de Operações Especiais (Deoesp), do Departamento de Investigações de Crimes Contra o Patrimônio, desmantelaram uma quadrilha responsável por fraudes milionárias, com atuação em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Para elucidação dos golpes foi constituído um grupo especial de investigação que reúne membros da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual e por peritos especializados em apurar crimes cometidos através de equipamentos de informática.
Durante as investigações foram reunidas provas materiais robustas de falsificação de vários documentos, como procurações, notas promissórias, contratos de confissão de dívida e de transferência e cessão de direitos e obrigações, documentos públicos judiciais, recibos, entre outros. Dados preliminares destas investigações também apontam transações suspeitas com títulos do Tesouro Nacional de mais de um bilhão de reais.
"A ousadia dos criminosos era tamanha que chegaram até a falsificar termos de declarações e depoimentos, que teriam sido falsamente prestados à Polícia, com o intuito de levar a justiça a erro em processos contra desafetos", disse o Delegado Geral de Polícia Márcio Simões Nabak, Chefe do DEOESP, que comanda as investigações. Os crimes foram descobertos a partir da análise de milhares de documentos localizados nos computadores encontrados em um dos endereços residenciais do indiciado Nilton Antônio Monteiro, em Belo Horizonte.
"As investigações confirmaram as nossas suspeitas de que ele utilizava de computadores pessoais para falsificar papéis, a partir do escaneamento de assinaturas e logotipos de empresas para produzir os mais variados documentos. As provas já localizadas podem ser classificadas em dois importantes grupos, que são os papéis relacionados à falsificação de documentos utilizados para cobrar por dívidas milionárias na justiça, que somam cerca de 300 milhões de reais, e ao caso da 'Lista de Furnas'", disse o delegado.
Além do indiciado, encontra-se detida uma cúmplice dele que afirmou em depoimento que Nilton Monteiro chegou a falsificar a assinatura dela em diversos documentos. Os arquivos digitalizados continuarão sendo analisados e seu conteúdo será tornado público o mais rapidamente possível, tendo em vista o alcance dos golpes, e o fato de que processos relativos a vários deles se encontram em andamento na justiça.
Falsificação de documentos que dão lastro à cobrança de dívidas milionárias na justiça:
O aprofundamento da perícia técnica nos computadores que estavam em posse de Nilton Monteiro e de sua cúmplice, Maria Maciel, apontou as provas da fraude. Neste trabalho, foram localizados centenas de documentos que mostram os métodos utilizados por Nilton Monteiro para falsificar documentos, com datas retroativas, que dão lastro a inúmeros processos de cobrança judicial por dívidas milionárias, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.
Os peritos localizaram assinaturas escaneadas de diversas pessoas, algumas delas já identificadas, como as do Dr. Carlos Felipe Amodeo, falecido em 2006, e do Dr. Francisco Américo França, Diretor Jurídico da empresa Samarco Mineração S/A.
Outro achado relevante é que foram encontrados selos de cartórios escaneados. Isto também reforça uma das suspeitas dos investigadores de que ele fazia o "scanner" de carimbos e selos de cartórios para assegurar credibilidade aos papéis que apresentou à justiça. Já foram localizados documentos relevantes para a elucidação do método de atuação da quadrilha, que falsifica títulos de cobrança com datas retroativas. Entre eles encontram-se:
1) Nota Promissória emitida contra a senhora Andréa de Cássia Vieira de Souza, no valor de R$ 68 milhões, com data de vencimento para o dia 20 de agosto de 2008. O documento foi, na verdade, criado no dia 13 de maio de 2010;
2) Nota Promissória emitida contra o senhor Dimas Fabiano Toledo, no valor de R$ 5,995 milhões, com vencimento no dia 10 de maio de 2010. Na verdade, o documento foi criado no dia 13 de maio de 2010; e,
3) Nota Promissória emitida contra a Dr. Joaquim Engler Filho, no valor de R$ 335 mil, com vencimento para o dia 06 de maio de 2010. Na verdade, o documento foi criado no dia 13 de maio de 2010.
Ao final da análise e catalogação dos arquivos encontrados nos computadores pertencentes aos indiciados, os documentos também vão ser colocados à disposição de todas as vítimas dos golpes aplicados pelos indiciados Nilton Monteiro, Alcy Monteiro e Maria Maciel de Souza.
Cópias das assinaturas escaneadas e de selo de cartório encontradas nos computadores pertencentes aos indiciados:
Assinatura e rubrica do advogado Carlos Felipe Amodeo, falecido em 2006:
Rubrica:
Assinatura:
Assinatura escaneada do advogado Rogério Marcolini de Souza, sócio do advogado Felipe Amodeo:
Assinatura escaneada do Dr. Francisco Américo França, da Samarco Mineração:
Diversas assinaturas escaneadas:
Selo de Cartório escaneado:
Cópia da "Notificação Extrajudicial de Cobrança" registrada em cartório por Nilton Monteiro, contra o deputado Rogério Correia:
A certidão do cartório que atesta o registro e a entrega da "Notificação Extrajudicial de Cobrança":
A certidão do cartório que confirma o registro e a microfilmagem da "Notificação Extrajudicial de Cobrança":
Fonte: Assessoria de Imprensa da Polícia Civil - 03/02/2012
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