Graça Foster confirmou ter colocado o cargo à disposição da presidente Dilma Rousseff
AE
A presidente da Petrobras, Graça Foster, confirmou na manhã desta quarta-feira, 17, que colocou seu cargo e de toda a diretoria à disposição da presidente Dilma Rousseff. Segundo ela, a decisão foi tomada diante do risco de que a permanência da diretoria inviabilizasse a aprovação do balanço da estatal. Durante um café da manhã com jornalistas, Graça defendeu que ela e a diretoria atual sejam investigados em razão dos desdobramentos da Operação Lava Jato e disse não ter "receio da verdade".
Graça afirmou ainda que as investigações Lava Jato, que apuram esquema de desvios de recurso público, parte envolvendo contratos da estatal, indicaram a necessidade de "uma sinalização positiva de que a diretoria está em condições, do ponto de vista de sua governança, de assinar o balanço". "Eu preciso ser investigada, os diretores, nós precisamos ser investigados. E para isso precisamos das auditorias internas. Eles chegam, entram na sua sala, abrem seus armários, pegam seus papéis, computadores. E isso é bom", afirmou Graça.
A pressão para que Graça Foster deixe o comando da estatal aumentou após a revelação de que a presidente da estatal, Graça Foster, foi informada sobre irregularidades antes de virem à tona as investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Além de não terem sido tomadas providências em parte das denúncias da geóloga Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente executiva da Diretoria de Abastecimento, a funcionária relatou ter sofrido represálias da antiga e da atual direção.
Nesta terça, em nota oficial, a Petrobras colocou em xeque a versão apresentada pela ex-gerente e afirmou que as quatro mensagens enviadas por Venina a Graça e ao atual diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza, em abril de 2009, agosto e outubro de 2011 e em fevereiro de 2012 "não explicitaram irregularidades relacionadas " nos gastos de comunicação na diretoria de Abastecimento, em negociações de óleo combustível na Ásia e nas obras da Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.
Segundo Graça, a diretoria da estatal permanece "enquanto contar com a confiança da presidente e ela entender que devo ficar". Graça afirmou que conversou com Dilma "uma, duas, três vezes", mas que uma definição "é ela quem tem que falar". Sobre Venina, a presidente afirma que as revelações foram uma "retaliação" pelo fato de a ex-gerente ter sido afastada do cargo.
"A coisa mais importante para a diretoria é a Petrobras, muito mais importante que o meu emprego. Temos discutido isso no conselho também, essa é a motivação de se discutir a conveniência de nossa permanência em função do balanço", disse a executiva. "Os funcionários, 85 mil funcionários, cobram que sejamos respeitados também pela governança", completou.
Segundo a executiva, a não apresentação do balanço não foi uma imposição da auditoria externa, PriceWaterhouse Coopers (Pwc). "Nós não estávamos prontos", afirmou durante coletiva de imprensa nesta manhã. "Os resultados das investigações tornaram evidente que nós precisamos fazer baixa no patrimônio líquido da companhia."
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