De olho em 2018, Jair Bolsonaro é recebido com honras na Aman e faz campanha à Presidência
Rio - ‘Líder! Líder!” Foi assim que o deputado federal Jair Bolsonaro (PP) foi saudado antes da formatura dos aspirantes da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), no dia 29 de novembro. Enquanto os novos oficiais se alinhavam para a solenidade, ele se dirigiu ao grupo e fez, em um minuto e vinte segundos, seu primeiro comício como candidato à Presidência da República em 2018. Ovacionado pela turma, disse que “alguns vão morrer pelo caminho”, mas que está disposto, “seja o que Deus quiser”, a jogar o Brasil para a “direita” daqui a quatro anos.
Mas o Ministério Público Militar (MPM) quer silenciar os aplausos: o órgão abriu investigação para apurar normas violadas pelo discurso do parlamentar.
Segundo a Procuradoria-Geral da Justiça Militar, o Regulamento Disciplinar do Exército prevê que “autorizar, promover ou tomar parte em qualquer manifestação de caráter político” constitui uma transgressão que pode resultar em punições para os oficiais, que vão desde advertência até a “exclusão a bem da disciplina”. O vídeo será analisado pelo órgão. Ao DIA, Bolsonaro negou ter feito discurso político e disse que o encontro foi espontâneo.
“Nós temos que mudar este Brasil, tá ok?”, bradou o deputado, durante o discurso. Com o punho em riste, falou de sua “disposição” em tentar se eleger presidente daqui a quatro anos e ouviu, em resposta, mais aplausos e gritos de “líder!”. Empolgado, disse que seu compromisso é dar a vida pela pátria e se dirigiu aos recém-formados num apelo: “Nós amamos o Brasil, temos valores e vamos preservá-los”. Depois, amenizou o tom para falar dos riscos de sua candidatura. “Posso ficar sem nada, mas terei a satisfação de dever cumprido”.
O encerramento da breve fala é um balanço de sua atuação como parlamentar, no estilo feroz que caracteriza seus discursos no Congresso. “Há 24 anos apanho igual a um desgraçado em Brasília, mas apanho de bandidos. E apanhar de bandidos é motivo de orgulho e glória. Um abraço a todos!”, despediu-se.
Ex-capitão do Exército, Bolsonaro tem os militares como parte importante de seu eleitorado, mas enfrenta resistências junto a setores do alto escalão das Forças Armadas. Autoproclamado candidato da direita à Presidência em 2018, Bolsonaro inicia a jornada em busca de apoio e pode encontrar apoio nos militares mais conservadores. A Aman e o Exército não responderam aos contatos da reportagem.
‘Ninguém vai tomar tiro’
Informado sobre a investigação do Ministério Público Militar, Bolsonaro disse “não dever explicações para ninguém” e afirmou estar “orgulhoso” por ser chamado de líder.
“Tenho imunidade parlamentar para falar o que eu quiser”, declarou o deputado, que lembrou estar sempre presente às formaturas da Aman desde 1988, sem nunca, porém, ter sido oficialmente convidado para fazer discursos pelo alto oficialato.
Desde a reeleição da presidenta Dilma Rousseff (PT), minorias mais extremadas têm ido às ruas pedir a volta dos militares ao poder, e o parlamentar também se coloca como líder deste grupo. “As pessoas querem autoridade. As Forças Armadas nunca foram intrusas na política”, afirmou.
Sobre seu discurso, explicou que as “mortes pelo caminho” que menciona dizem respeito às mortes políticas (“ninguém vai tomar tiro na cara”) e nomeou como bandidos os parlamentares de PT, PCdoB e Psol.
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