O linfoma que motivou o bailarino Marcelo Braga a entrar em cena com o espetáculo “O homem vermelho”, o retirou da cena no último domingo. O artista de 53 anos, natural de Guarani e radicado no Rio de Janeiro, morreu por complicações respiratórias em decorrência da doença descoberta no final dos anos 2000, quando ele precisou se afastar da dança. Braga será enterrado nesta terça, às 11h, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Em 2012, ele estreou a montagem na qual revisa a própria vida, sob a ótica de um corpo debilitado e ao mesmo tempo esperançoso com a recuperação.
Acometido por um raro linfoma de pele, o artista precisou conviver com a nova condição e usou dela para fazer um de seus mais elogiados trabalhos, vencedor do Prêmio Klauss Vianna e considerado pelo jornal “O Globo” um dos dez melhores espetáculos de dança do ano. A montagem teve colaboração dramatúrgica da atriz Simone Spoladore, imagens produzidas pelo cineasta Walter Carvalho, trilha sonora assinada pelo músico Domenico Lancellotti e assistência de direção da bailarina Laura Samy. Tendo vivido sua adolescência em Juiz de Fora, Braga transferiu-se ainda cedo para Belo Horizonte e, na década de 1980, foi morar em Nova York, frequentando importantes companhias norte-americanas. De volta ao Brasil, ele integrou a aclamada companhia Atelier de Coreografia, de João Saldanha.
Em agosto de 2013, o bailarino trouxe à cidade, onde moram sua família, antigas alunas e colegas de trabalho, “O homem vermelho”, que apresentou no Teatro Pró-Música. Em conversa à Tribuna, Braga mostrou-se bastante otimista. “Quando você passa por um processo doloroso, geralmente se resguarda, suas vaidades ficam fragilizadas, e você se fecha. Fiz o oposto. A partir do momento em que sobrevivi a essa doença invisível, decidi me abrir e dividir essa história com a plateia”, contou, além de ressaltar: “Em um mundo de pretos e brancos, não é fácil ser vermelho”.
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