domingo, 9 de novembro de 2014

Disputa eleitoral em Juiz de Fora custa quase R$ 10 milhões

POR RENATO SALLES REPÓRTER

A ambição de ocupar uma cadeira parlamentar tem seu preço. Somados, os 43 nomes com domicílio eleitoral em Juiz de Fora que tentaram um mandato na Câmara dos Deputados ou na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) gastaram com suas campanhas R$ 9,5 milhões, o que dá uma média de quase R$ 300 mil por candidatura. Juntos, os concorrentes da cidade conquistaram 870.170 votos, o que, na prática, significa que cada voto teve um custo de cerca de R$ 10. Dos valores investidos pelos postulantes locais durante os meses que antecederam o pleito de 5 de outubro, mais de um quarto custeou a reeleição do deputado federal Marcus Pestana (PSDB), que arrecadou pouco mais de R$ 2,5 milhões, mesmo montante destinado a suas despesas. Com a confiança de 131.687 eleitores, o “investimento” feito por Pestana foi de R$ 19 por voto.
Apesar de Pestana ter declarado à Justiça Eleitoral a mais cara das campanhas dos candidatos de Juiz de Fora, outros dois candidatos derrotados nas urnas tiveram uma relação entre o número de eleitores e despesas mais dispendiosa. Sem conseguir se eleger para a Câmara dos Deputados mas com uma votação consistente, Giovane Gávio (PSDB) apresentou gastos superiores a R$ 1 milhão. Com uma votação de pouco mais de 36 mil eleitores, cada voto para o ex-jogador da Seleção Brasileira de vôlei custou R$ 28,35. O custo/voto do tucano só foi inferior ao de Cristina Freitas (PTC) que apresentou despesas bem mais modestas, de quase R$ 11 mil. Entretanto, a candidata foi lembrada nas urnas por apenas 376 pessoas, o que significa um gasto de quase R$ 29 por voto.
Levando-se em consideração apenas os deputados federais eleitos – na verdade, reeleitos -, o voto mais caro foi o de Júlio Delgado (PSB). Para garantir seu quinto mandato com 86.245 votos, o parlamentar gastou R$ 1,7 milhão. Assim, na relação entre despesas e voto, Júlio investiu pouco mais de R$ 20 por eleitor. A quantia é cinco vezes maior que a despendida para Margarida Salomão, que também conquistou nas urnas o direito a mais um mandato. De acordo com a declaração entregue a TSE, a petista teve despesas de quase R$ 311 mil e conquistou 78.973 eleitores. Na prática, o custo do voto da deputada federal foi inferior a R$ 4, um dos mais baratos deste pleito.
Entre os 20 concorrentes ao Congresso por Juiz de Fora, além de Júlio e Pestana, outros sete nomes tiveram a relação custo/voto superior à de Margarida: Cristina Freitas, Giovane Gávio, Ângela Fia (PTC), Wadson Ribeiro (PCdoB), Felipe Fonseca (PSTU), Evanilda Gomes (PMN) e André Nogueira (PSTU). À exceção de Giovane e Wadson, todos eles tiveram um desempenho abaixo de 800 votos, o que acabou representando um maior valor do quociente resultante da divisão entre despesas e votação.
R$ 6,3 milhões
Ao todo, todos os candidatos a deputado federal da cidade gastaram quase R$ 6,3 milhões e receberam 420.204 votos, um custo de aproximadamente R$ 15 por votos. As menores relações custo/voto foram obtidas por Vanderlei Tomaz (PSC, que teve 6.110 votos), Detinho (PMN, 2.054 votos), Lilian Pinho (PV, 1.330 votos) e Kelma Costa (PTdoB, 4.222 votos), todos com despesas inferiores a R$ 2 por eleitor conquistado.

Missionário tem melhor relação custo/voto

Com 23 nomes com domicílio eleitoral em Juiz de Fora, a disputa por cadeiras na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) significou investimentos menores por parte dos candidatos locais, que, juntos, gastaram R$ 3,2 milhões. Assim como na corrida pela Câmara, a maior relação custo/voto foi de um candidato com baixa votação. Com o apoio de 261 eleitores e gastos de campanha acima de R$ 6 mil, Chico Anísio (PHS) investiu R$ 24,37 por eleitor. Entre os desempenhos mais consistentes, todavia, o maior gasto foi de Charlles Evangelista (PROS), que obteve quase seis mil eleitores, ao custo de pouco mais de R$ 13 cada.
Dos eleitos, Antônio Jorge (PPS) foi quem apresentou os maiores gastos de campanha e a maior relação custo/voto. O ex-secretário de Estado de Saúde arrecadou e despendeu mais de R$ 1,1 milhão para garantir o apoio de 93.034 eleitores. Em uma divisão simples, cada voto do deputado estadual eleito custou cerca de R$ 12.
Só R$ 1
Vitorioso nas urnas, Márcio Santiago (PTB) teve o custo/voto mais barato entre todos os candidatos da cidade à ALMG que apresentaram prestação de contas ao TRE. Missionário e sobrinho do líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, o apóstolo Valdemiro Santiago, o deputado eleito recebeu a confiança de mais de 76 mil eleitores. Com despesas de campanha declarada de quase R$ 82 mil, Santiago investiu pouco mais de R$ 1 para garantir cada um dos votos obtidos em 830 das 853 cidades mineiras, reafirmando o potencial do eleitorado evangélico nas contendas parlamentares.

Dinheiro é indicador de sucesso

O recorte local reforça a importância do dinheiro no atual processo eleitoral brasileiro, principalmente no que diz respeito às disputas parlamentares da Câmara dos Deputados e das assembleias legislativas, onde as eleições são proporcionais. Em um universo em que 43 concorrentes gastaram juntos quase 9,5 milhões, três quartos deste total – R$ 7,1 milhões – correspondem aos gastos dos oito deputados eleitos pela cidade. Marcus Pestana (PSDB), por exemplo, gastou 40% dos R$ 6,3 milhões despendidos por todos os 20 postulantes ao Congresso na cidade. Juntos, Júlio Delgado (PSB) e Margarida Salomão (PT) gastaram 33% desse total.
A mesma característica pode ser observada na disputa pela Assembleia Legislativa. Deputado estadual eleito, Antônio Jorge (PSB) foi responsável por 37% do total de pouco mais de R$ 3 milhões gastos pelos 23 concorrentes ao Legislativo mineiro com domicílio eleitoral em Juiz de Fora. Somados, as despesas de outros quatro candidatos vitoriosos – Noraldino Júnior (PSC), Isauro Calais (PMN), Márcio Santiago (PTB) e Lafayette Andrada (PSDB) – respondem por outros 46 % desse montante.
Não constam
Os percentuais, entretanto, poderiam ser menores já que o sistema do TRE não disponibilizava até o fechamento desse reportagem a prestação de contas de 11 candidatos – três à Câmara dos Deputados e oito à ALMG. Entre os nomes cujas informações não constam no sistema da Justiça Eleitoral até sexta-feira à noite estavam os dos vereadores Luiz Otávio Coelho (Pardal, PTC) e Wanderson Castelar (PT), que tentaram sem sucesso uma cadeira no Legislativo estadual.
http://www.tribunademinas.com.br/disputa-custa-quase-r-10-milhoes/

Nenhum comentário:

Postar um comentário