quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Audiência em Juiz de Fora discute redução da judicialização da saúde

População recorre à Justiça quando não pode arcar com medicamentos.
Em Juiz de Fora, isso consome um terço do orçamento anual da saúde.

Do G1 Zona da Mata

Judicialização Saúde Juiz de Fora (Foto: Reprodução/TV Integração)Prefeitura diz que judicialização não é opção
(Foto: Reprodução/TV Integração)
Na tarde desta quarta-feira (27), uma audiência pública discutiu a judicialização da saúde em Juiz de Fora na tentativa de impedir o número de casos aumente. A situação ocorre quando a pessoa não tem condições financeiras para arcar com o custo do medicamento e precisa recorrer à Justiça para que o tratamento não seja interrompido. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, cerca de um terço do orçamento anual da saúde no município é gasto com o cumprimento de mandados judiciais.
Em Juiz de Fora, o mandado é expedido em diversas situações, desde medicamentos que custam R$ 2 até remédios de alto custo, utilizados no tratamento de doenças graves, como o câncer. A aposentada Maria da Conceição Fonseca necessita de dois remédios para o neto que tem paralisia cerebral. Desde 2006 a Justiça garantiu a prestação do serviço pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mas, às vezes, a aposentada precisa tirar dinheiro do próprio bolso já que a entrega do remédio é irregular. "Isso prejudica porque nem todo mês nós temos condição de comprar", explicou.
São esses tipos de problemas que chegam à Ouvidoria Municipal de Saúde de Juiz de Fora. Como o medicamento não é encontrado na rede do SUS, o usuário recorre à Justiça. No entanto, isso afeta os cofres públicos porque a própria rede é responsável pelos gastos com o processo. "Hoje nós temos um número impactante de recursos voltados para atender demandas judiciais. Se houvesse uma política estratégica farmacêutica, o impacto financeiro iria diminuir", garantiu a Ouvidora Municipal de Saúde, Samantha Borchear. Os medicamentos mais pedidos são para tratar doenças cardíacas, diabetes, asma e depressão.
De acordo com o vereador Rodrigo Matos, muitos mandados são emitidos e demoram para serem comprados. "Quando é comprado, o usuário não é avisado e tem que ficar indo à Secretaria de Saúde", relatou. Ele ainda apontou a questão das internações nos hospitais conveniados do SUS. "As pessoas precisam recorrer à Justiça para conseguir essas vagas".
De acordo com a Prefeitura, a judicialização não é a melhor opção para solucionar a situação na saúde, pois usuários carentes nem sempre têm acesso a Justiça, o que pode tornar os processos mais elitistas. Segundo o Secretário de Saúde de Juiz de Fora, José Laerte, um outro problema do processo é que um paciente pode passar na frente de outro na fila por uma internação. A proposta dele é debater o tema e reduzir a judicialização. "Precisamos dialogar inclusive com o Judiciário para fornecer mais informações para o Juiz poder decidir de forma que não haja prejuízo para aqueles que não têm acesso à Justiça", afirmou.

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