03 de Outubro de 2013 - 07:00
Licitação para obras de restauração da Villa Ferreira Lage é realizada hoje, e nome da empresa responsável pelos trabalhos deve ser divulgado na próxima semana
Por MARISA LOURES
Depois de uma longa espera e várias promessas, na próxima semana, a cidade já deve saber qual será a empresa responsável pelas obras de restauração de parte do Museu Mariano Procópio. A licitação para investimento dos R$ 5 milhões repassados no mês de setembro pelo Governo do Estado para os trabalhos será realizada hoje, conforme anunciado ontem pelo prefeito Bruno Siqueira. O edital está no site da Prefeitura (http://www.pjf.mg.gov.br/cpl), e a abertura dos envelopes com as propostas de preços dos participantes está marcada para as 9h30 desta quinta-feira, na PJF. "A intenção é que, com os recursos liberados, possamos reabrir parte do museu em 2014", garantiu o prefeito, durante visita da ministra da Cultura, Marta Suplicy, e do presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Angelo Oswaldo, à instituição juiz-forana. A cerimônia oficializou o anúncio da transferência de R$ 2 milhões para o museu, subsidiados pela Petrobras, através de uma parceria entre a empresa, o Ministério da Cultura e o Ibram.
De acordo com Douglas Fasolato, diretor-superintendente da Fundação Museu Mariano Procópio, o recurso do Governo de Minas será utilizado para recuperação do sistema estrutural e consolidação das fachadas e decorativismo interno da Villa Ferreira Lage. No prédio do Museu Mariano Procópio, serão restaurados o lanternim e a claraboia. "O repasse da Petrobras vai ser direto, mas temos que apresentar um plano de trabalho para ser aprovado. Existe um trâmite burocrático que deve ser seguido. A liberação do dinheiro não nos exime de demandas técnicas e administrativas", afirma Fasolato.
Os dois valores liberados somam-se a outros montantes externos já aguardados e que totalizam R$ 9.530 milhões, sendo R$ 500 mil de uma emenda parlamentar do deputado federal Marcus Pestana, empenhada em 2012, outro R$ 1 milhão também de Pestana, R$ 700 mil da MRS via Lei Rouanet ( R$ 300 mil para este ano, R$ 400 mil para 2014 e R$ 300 mil para 2015). Em 2012, a MRS já direcionou R$ 30 mil.
Segundo a Prefeitura, o prazo para execução das obras é de 11 meses. Embora não tenha apontado como alcançar os R$ 30 milhões necessários para a reabertura total do espaço, Bruno Siqueira ressalta que não medirá esforços em firmar futuras parcerias com o Governo federal. "A curto prazo, já conseguimos um montante grande de recursos", diz o prefeito. "O museu está sempre necessitando de verbas para restauração, mobilização em projetos de cultura, museologia social e conservação. Isso não nos assusta. O importante é que temos um montante que nos permite uma grande arrancada. O museu está saindo da inércia. Ele é fundamental e não pode ficar fechado. O legado de Alfredo Ferreira Lage pertence à Prefeitura, mas todas as instituições e toda a sociedade têm que estar comprometidas de alguma forma", afirma o presidente do Ibram Angelo Oswaldo.
Potencial turístico a ser explorado
O conjunto arquitetônico é o único de Minas, entre as 12 instituições brasileiras que receberão o patrocínio através de uma parceria entre o Ministério da Cultura (MinC), Instituto Brasileiro de Museus e Petrobras, dentro de um programa especial para a Copa do Mundo. "Além de ser um patrimônio dos nossos filhos, do nosso Brasil, é um importante instrumento para o turismo. O museu fica a poucas horas de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro. Está na rota das pessoas que se locomovem durante a Copa e as Olimpíadas, segundo as nossas pesquisas", observa a ministra, que ainda não conhecia o espaço. "Ver pelo livro é uma coisa. Nunca tinha vindo aqui. É de uma beleza extraordinária."
Conforme anunciado, Marta chegou, acompanhada do presidente do Ibram, Angelo Oswaldo, por volta das 11h15. Ao lado de autoridades, percorreu a Villa Ferreira Lage e o prédio do Museu Mariano Procópio. Apesar de aguardada, Graça Foster, presidente da Petrobras, não compareceu ao evento. "O trabalho que está sendo feito é de extrema responsabilidade e muito rígido. Até o papel de parede será reconstruído com material da matriz da fábrica francesa, sendo recuperado exatamente como era", comenta a ministra.
Após a visita a Juiz de Fora, Marta seguiu para o Museu Imperial, em Petrópolis, onde ressaltou que a criação de um museu de percurso - tema já discutido em seminário local - poderia integrar as duas instituições, cujos acervos se complementam. "Seria potencializar o que existe em um contexto histórico e didático, para que as pessoas possam entender bem melhor a história."
Em entrevistas realizadas pela Tribuna para a série de reportagens "O museu é nosso", alguns especialistas chegaram a questionar o fato de o museu juiz-forano precisar contar com pequenos apoios ocasionais de recursos privados, em vez de ser agraciado com o valor total para a reabertura diretamente pelo Estado. "Tudo tem que ser feito com calma. Temos que ir passa a passo, etapa por etapa. Um projeto deste porte não tem como recuperar de uma só vez. Tudo é muito delicado", justifica a ministra.
"Tudo depende de projetos, que estão sendo escalonados pelo museu. Ainda não existem propostas para muitas questões relevantes, mas a instituição não ficou parada este tempo todo. Todo o acervo foi levantado, e isso é de fundamental importância. O Ibram assume com a ministra o compromisso de parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora e o Museu Mariano Procópio", endossa Angelo Oswaldo, destacando a importância do acervo relacionado ao período imperial. "É inimaginável que um museu fique de portas fechadas, sobretudo, este de dimensão nacional e internacional. Temos coleções europeias que raramente se encontram em outros museus brasileiros. Tenho certeza de que, em breve, o teremos em melhor situação", completa Angelo Oswaldo.
O movimento Benfica Bem Melhor entregou ontem a Marta Suplicy um manifesto com o objetivo de reivindicar a valorização da produção local comunitária. A decisão foi tomada devido à publicação de um edital voltado a pessoas jurídicas para projetos de ocupação dos Centros de Artes e de Esportes Unificados (Ceus). "O critério com menor pontuação é a produção local. Conseguimos entregar uma carta aberta, apesar de não termos sido convidados para a cerimônia. A ministra disse que, neste primeiro momento, o edital é voltado para "expertise", mas que podemos apresentar um documento com as ações da praça de Benfica", contou Aline Junqueira, presidente da Associação dos Moradores de Benfica.
Alvo de reclamações de quem frequenta o parque do museu, a ausência de uma lanchonete poderia ter chegado ao fim ontem. É que seria realizada uma licitação na modalidade de pregão presencial, tipo maior oferta, para selecionar propostas objetivando a permissão de uso para exploração comercial no local, contudo, de acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura, ninguém compareceu à concorrência. O processo vai ser devolvido para a direção do museu, que deve reabri-lo.
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