quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Fiscais da Vigilância Sanitária do Rio extorquiam R$ 50 milhões por ano, diz polícia

DIANA BRITO
DO RIO


Ao menos 25 fiscais da Vigilância Sanitária Municipal do Rio foram presos nesta quinta-feira acusados de extorquir comerciantes e empresários na capital para não aplicar multas. Segundo a Polícia Civil, o grupo criminoso faturava mais de R$ 50 milhões ao ano.

Por volta das 14h, a polícia ainda tentava cumprir outros cinco mandados de prisão e 52 de busca e apreensão. Todos são acusados de concussão e formação de quadrilha e podem pegar até 12 anos de prisão.

De acordo com a investigação, os fiscais usavam uma tabela de preços estipulados por eles para cobrar a propina dos comerciantes. Os valores variavam de R$ 400 a R$ 500 por mês. No total, 100 mil estabelecimentos comerciais - entre restaurantes, bares, clínicas, empresas de projetos arquitetônicos e outras - foram alvos do esquema.

O delegado da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), Alexandre Capote, responsável pela investigação, disse que os comerciantes que pagavam a propina eram vítimas já que os fiscais ameaçavam multar e fechar o estabelecimento caso eles não pagassem o valor cobrado. Os 30 acusados representam 10% dos 300 profissionais que atuam na Vigilância Sanitária Municipal do Rio.

Diana Brito/Folhapress
Polícia apreende bolsa com dinheiro encontrada na casa de um dos fiscais da Vigilância Sanitária preso no Rio
Polícia apreende bolsa com dinheiro encontrada na casa de um dos fiscais da Vigilância Sanitária presos no Rio

"Foi constatado enriquecimento ilícito desses fiscais, que ganham em média R$ 2.800 por mês. Em algumas casas encontramos até R$800 mil em espécie", afirmou Capote.

As prisões aconteceram em diversos pontos da cidade e em Niterói. Foram apreendidos mais de R$ 1 milhão em espécie nas casas dos fiscais, além de computadores, documentos e três armas.

"O que chamou a atenção era a organização deles porque um fiscal apresentava o outro quando fazia o rodízio e assim repeliam a tentativa da secretaria de coibir a corrupção. Ainda tinha a certeza da impunidade tanto que foi achado grande quantidade de dinheiro dentro de casa, inclusive com naftalina e amarrados com linha porque o elástico estraga a nota.

Isso indica que o dinheiro estava ali guardado durante muito tempo", disse o promotor Homero Freitas.

A investigação detectou provas de que a quadrilha agia desde 2010. O grupo era chefiado por Eduardo De Nigres, da Secretaria de Vigilância Sanitária. Nigres saiu do país há alguns dias. Agora, a Polícia Federal investiga o paradeiro dele no exterior.

Participam da ação delegacias especializadas, a Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), da Secretaria de Segurança, o Ministério Público do Estado e a Secretaria Municipal de Vigilância Sanitária.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que está colaborando com as investigações, para que os responsáveis sejam identificados e punidos.

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