06 de Outubro de 2013 - 07:00
Doze veículos já foram danificados com rabiscos semelhantes em toda a extensão da lataria; comunidade do bairro se diz insegura
Por MARCOS ARAÚJO
Uma onda de vandalismo, com carros sendo arranhados de forma grosseira e em toda a extensão da lataria, deixa moradores do Bairro Bom Pastor, na Zona Sul, assustados. Doze veículos já foram alvo de criminosos. Chama a atenção o fato de todos os carros serem da cor preta, geralmente modelos novos, e apresentarem rabiscos semelhantes, levando a crer que o delito está sendo praticado pela mesma pessoa. Embora um número maior de veículos tenha sido depredado recentemente, há casos que aconteceram há cerca de um ano. Uma médica, por exemplo, teve três automóveis danificados. Segundo as vítimas, a situação tem se complicado, já que, além do vandalismo, usuários de crack consomem a droga nas calçadas, intimidando os residentes.
A maioria dos casos aconteceu na Rua Doutor João Penido Filho. Uma socióloga, moradora da via, afirma que deixou o carro no local, no último dia 18, e ele foi todo arranhado. "É um absurdo. Estamos todos nos sentindo inseguros", afirma a mulher, que disse ter sido abordada durante a madrugada, quando tentava entrar na garagem. "Isso aconteceu às 3h da manhã. A rua estava deserta, e fiquei com medo de sair do carro", contou a vítima. Ela também já presenciou um homem fumando pedra de crack no passeio. "A tranquilidade não existe mais. Estamos reféns dentro e fora de casa", desabafa.
Uma médica, 35 anos, contou que, há cerca de um ano, teve dois veículos arranhados na mesma rua. Até hoje, ela não mandou fazer os reparos na lataria. Segundo a vítima, há motivos para isso. "Na verdade, já são três carros danificados. O primeiro apareceu todo depredado e, de imediato, mandei pintar, mas ele foi arranhado novamente. Assim, desisti, não vou arrumar mais, pois cansei de levar prejuízo. Não tenho garagem e preciso deixá-los na rua. Se não há segurança, é melhor não mandar arrumar. "É um absurdo pagarmos impostos e não contarmos com segurança, tendo nosso patrimônio destruído."
Um professor, 66, também teve o carro danificado. Porém, no caso dele, a lataria foi pisoteada. "O alarme disparou e, quando olhei, havia um homem na rua. Vi que o carro estava com a lataria amassada, como se alguém tivesse andado por cima. O serviço de reparo vai ficar em R$ 300." O professor também pontua que a segurança no bairro precisa de reforço. "Já coloquei duas câmeras na frente da minha casa, para inibir esse tipo de crime e evitar que pulem a grade da minha casa. Moro aqui há 20 anos, e nunca foi assim." Uma moradora de 71 anos enfatiza: "Às vezes, chego da missa e fico com medo de entrar na minha casa. Tenho que ligar para meu marido me pegar aqui fora. Segundo a moradora, mesmo com iluminação, a via está perigosa, assim como a praça do Bom Pastor, que segundo os residentes, serve para consumo de droga.
Vítimas precisam procurar delegacia
Titular da 1ª Delegacia de Polícia Civil, Eurico Cunha Neto, afirma que o problema de vandalismo é sério e de difícil apuração, já que a maioria dos crimes é cometida na madrugada e de forma dissimulada, quando a Polícia Civil não está nas ruas. Nesse caso, como aponta o policial, o que contribui para as investigações são informações prestadas pela população por meio do Disque Denúncia 181, pelo 190 da Polícia Militar e pessoalmente na delegacia. "Nesse tipo de crime, a Polícia Civil só age depois que for notificada, já que a parte da repressão fica por conta da Polícia Militar", afirma Eurico.
A respeito dos carros arranhados na Zona Sul, o delegado confirma que nenhuma vítima esteve na delegacia a fim de prestar informações. "Não basta fazer o boletim de ocorrência, é preciso que a pessoa lesada procure a Polícia Civil para pedir providências. Somos eu e mais um colega delegado para receber cerca de 1.200 ocorrências por mês e, logicamente, damos prioridade a casos de homicídio, roubo e tráfico de drogas. Se a vítima não nos procura para levar informações, fica muito difícil, porque temos um grande volume de trabalho e agimos com critério de prioridade. Esse é um delito de dano ao patrimônio privado, que necessita da representação da vítima, uma vez que se trata de crime de menor potencial ofensivo."
Comandante da 32ª Companhia da PM, responsável pelo patrulhamento da região Sul, capitão Ricardo Schaffer afirmou que a corporação já recebeu notificações a respeito do vandalismo contra os automóveis e trabalha para identificar os possíveis autores. Um suspeito já teria sido reconhecido. "Solicitamos à Justiça a prisão preventiva dessa pessoa identificada. Contudo, é possível que haja outros praticantes do delito. Por isso, precisamos da colaboração dos moradores, a fim de que nos passem mais informações", afirma o capitão, solicitando que as vítimas compareçam à sede da 32ª Companhia da PM, no Bairro Santa Luzia.
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