Do UOL, do Rio de Janeiro
Foi agradecendo a Deus, com os versos daquele que considera o maior gênio da música brasileira – o compositor Nelson Cavaquinho –, que Beth Carvalho abriu emocionada sua volta aos palcos neste sábado (8), no Vivo Rio, no Rio de Janeiro. Após passar mais de um ano afastada dos palcos por problemas na coluna, a cantora sambou, tocou cavaquinho e tamborim, e encantou o público com uma energia contagiante.
"Vocês nem imaginam a saudade que eu estava disto aqui", disse a madrinha do samba, após cantar "Minha Festa", de Nelson Cavaquinho, em que o compositor decreta o fim da tristeza: "Graças a Deus minha vida mudou / Quem me viu, quem me vê / A tristeza acabou". Radiante e visivelmente emocionada, a madrinha do samba, resumiu, ao longo de duas horas de show, o que fez em seus 45 anos de carreira: relembrou sambas de grande compositores, cantou músicas inéditas e revelou novos talentos.
Elegantemente vestida de branco e dourado, Beth voltou diante de uma casa cheia, com cerca de 2.000 pessoas, entre os quais seis médicos e uma fisioterapeuta, que cuidaram da cantora durante o tratamento e as complicações decorrentes de uma cirurgia para corrigir problemas na coluna e cuja presença a cantora fez questão de mencionar nonimalmente.
Entre os amigos presentes no show estava Nelson Sargento, de 89 anos, devidamente vestido com terno verde, camisa rosa e a faixa de "Presidente de Honra da Estação Primeira de Mangueira". "A Beth é uma pessoa que merece uma estátua em nome do nosso samba", defendeu o baluarte da verde e rosa.
Não durou muito tempo para a cantora levantar pela primeira vez da cadeira onde passou a maior parte do show. Na terceira música, Beth levantou e sambou, aplaudida de pé pela plateia, ao som de "Coisa de Pele", uma das dezenas de músicas de Jorge Aragão que gravou. "O pagode anda meio deturpado, mas eu sou pagodeira com muito orgulho e vou cantar a música que considero o hino do pagode."
No repertório, músicas inéditas do álbum "Nosso Samba Tá na Rua", de 2011, cujo lançamento foi interrompido pelos problemas de saúde, "As Rosas Não Falam" e "O Mundo é um Moinho", do mestre Cartola, e canções de velhos amigos compositores cuja carreira ajudou a impulsionar, entre os quais Arlindo Cruz, Sombrinha e Zeca Pagodinho, entre tantos outros.
Artista engajada, Beth voltou a mandar o seu recado ao resgatar o samba "Visual", gravado em 1978 e que faz uma crítica à descaracterização do carnaval e do mundo do samba. "E, como diz Nelson Sargento, o samba agoniza mais não morre", anunciou, introduzindo a canção homônima do amigo mangueirense, que estava na primeira fila e foi aplaudido de pé pelo público.
Sob olhares entusiasmados da tia, a cantora Lu Carvalho subiu ao palco e cantou duas músicas após a exibição de um vídeo com a apresentação de "Luciana", em 1969, no Festival Internacional da Canção. A canção foi composta em homenagem à sobrinha.
Por fim, Beth de pé, sambando e tocando cavaquinho, mostrou que, como a marchinha de título homônimo, segue "Firme e Forte", e o clima de emoção do público com a volta da madrinha do samba deu lugar a uma grande euforia. Com todos cantando e sambando, ela voltou para o bis ao lado da filha Luana, dos cantores Dudu Nobre e Lu Carvalho, e do produtor Rildo Hora, com quem cantou dois grandes sucessos: "O Show Tem Que Continuar" e "Coisinha do Pai".
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