Um novo episódio de violência foi registrado, na manhã desta terça-feira (15), na Casa Aberta, que integra o serviço de acolhimento institucional de crianças e adolescentes da cidade. De acordo com informações do boletim policial, uma briga envolvendo três adolescentes deixou ferido um educador, atingido no nariz por um soco ou pedrada. Um jovem de 17 anos também apresentou lesão corporal. Ele teve um dente quebrado, sendo encaminhado para o HPS, onde foi medicado e liberado. Os rapazes foram enviados para a delegacia, e o registro do ocorrido foi apresentado ao Ministério Público, que deverá se manifestar sobre os fatos e representar, caso seja necessário, por aplicação de alguma medida socioeducativa. A análise caberá ao juiz Marcelo Piragibe, que substitui a juíza Maria Cecília Golner Stephan, em período de férias.
A situação da entidade é considerada grave uma vez que ela não tem conseguido cumprir o papel de proteção de meninas e meninos sob sua responsabilidade. A Tribuna, que acompanha desde o ano passado o funcionamento do serviço, tem revelado a precariedade do atendimento e da infraestrutura do prédio. Só em dezembro, cinco boletins de ocorrência envolvendo violência e saídas da entidade sem a permissão dos funcionários foram feitos. Entre os casos que mais chamaram a atenção, em 2012, está o de um garoto que ateou fogo no colega.
O frequente acionamento da polícia para solucionar problemas de comportamento demonstra a fragilidade do atendimento oferecido para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, vítimas de violência doméstica, abuso sexual e outros crimes. Além disso, a instituição está operando com capacidade acima do limite, situação que, no mês passado, levou a própria juíza da Infância e Juventude, Maria Cecília, a abrigar um bebê vítima de maus-tratos na casa de sua assessora. A atuação dos órgãos de proteção dessa população também apresenta falhas, já que o Conselho Tutelar e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente não conseguiram, por meio de fiscalização, reverter o quadro. A criação, pelo Poder Público, de uma comissão responsável pelo acompanhamento das denúncias e busca de soluções parece não ter surtido efeito.
O secretário de Assistência Social, Flávio Cheker, reconheceu a gravidade da situação envolvendo a entidade e disse que está em busca de alternativas. "Criamos uma equipe de trabalho unindo a gestão e a execução para apresentar propostas diante da gravidade do caso. Há um reconhecimento do esgotamento desse modelo atual e da necessidade de buscar modelos alternativos. A nossa ideia é gestar uma nova política que caminhe na direção do que se pratica hoje com as famílias acolhedoras. Outra proposta é dividir a Casa Aberta em duas, para que possamos trabalhar com grupos menores de crianças e adolescentes, possibilitando, assim, uma atuação direcionada. Precisamos garantir o cumprimento da medida protetiva e também as condições de trabalho nessas casas. Estamos tentando, ainda, viabilizar um núcleo de passagem. Infelizmente, a Casa Aberta vive uma situação explosiva que não é nova. Estamos em busca de respostas que integrem os vários atores sociais."
http://www.tribunademinas.com.br/cidade/novo-caso-de-briga-na-casa-aberta-deixa-2-feridos-1.1216010
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