Funcionários e aposentados usuários do Saúde Servidor - plano público oferecido pela Prefeitura aos servidores e a seus familiares - têm enfrentado problemas devido à suspensão de atendimento em parte da rede prestadora do serviço. A situação desagrada os pacientes desde o ano passado, quando, por falta de repasse, algumas clínicas passaram a não marcar mais consultas e procedimentos. A informação do atraso nos pagamentos é confirmada pela atual Administração, sob a alegação de que existem débitos deixados pela gestão passada ainda não solucionados.
De acordo com a empresária Lidiane Soares, 27 anos, cujos familiares são usuários do Saúde Servidor, recentemente sua avó passou por angioplastia na veia mesentérica e, depois do procedimento cirúrgico, ocorreram algumas complicações, havendo necessidade de acompanhamento médico. "Quando fui marcar a consulta na clínica Angion, fui informada de que os atendimentos estavam temporariamente suspensos, por falta de repasse por parte da Prefeitura. Por conhecer a situação da minha avó, o médico abriu precedente e continuou o tratamento, mas é uma situação difícil, porque meus avós são idosos e precisam do plano. Estou insatisfeita e indignada, porque os descontos do Saúde Servidor são feitos na folha de pagamento."
Lidiane conta que também enfrentou problemas devido ao descredenciamentos de médicos. Segundo a empresária, o neurologista e o cardiologista dos avós deixaram o plano, e o motivo também seria devido a dificuldades na remuneração. "Eles eram pacientes deles há anos e tiveram que buscar outros profissionais, por conta desses impasses." Já um usuário do Saúde Servidor, que preferiu não ser identificado, relata problemas para marcações eletivas em uma clínica especializada em gastroenterologia e endoscopia digestiva. A informação, segundo ele, seria de que os exames não estariam ocorrendo pelo mesmo motivo apontado por Lidiane.
Conforme a secretária Mara Oliveira, da Angion, a clínica realmente só está atendendo casos de emergência dos pacientes vinculados ao Saúde Servidor. Ela explica que, desde agosto, os procedimentos realizados não são pagos pelo plano e também houve glosas (supressão de quantias acordadas) indevidas de procedimentos autorizados anteriormente. Mara pontua que a última vez que o problema havia ocorrido foi há aproximadamente cinco anos, pela mesma motivação. "Como, na época, a Prefeitura só realizou o pagamento depois que os médicos reduziram os valores em 25%, a alternativa encontrada agora foi não marcar mais atendimentos eletivos."
O presidente do Sindicato dos Médicos, Gilson Salomão, esclarece que tomou conhecimento do problema pela reportagem, e que não há formalização de reclamações por parte dos médicos. "Confirmamos que alguns estabelecimentos de saúde e seus profissionais estão sem receber esse repasse, mas essa suspensão não é generalizada, e acreditamos se tratar de um problema pontual, diferente do que ocorreu há alguns anos, quando houve movimento total da categoria."
A assessoria de comunicação da Prefeitura informa que ainda não foi possível saldar as dívidas em atraso porque o sistema financeiro do Município que autoriza os pagamentos não teria sido aberto, o que é considerado normal por ser princípio de ano e ter ocorrido mudança de governo. O órgão diz que o pagamento dos médicos está em dia e que há registros de atrasos em três clínicas. No entanto, garante que a situação será solucionada o mais rápido possível. As reclamações podem ser feitas por telefone (3690-8383/8343) ou pelo link do Saúde Servidor no site da PJF (www.pjf.mg.gov.br).
http://www.tribunademinas.com.br/politica/atraso-em-pagamentos-prejudica-atendimento-do-saude-servidor-1.1218731
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