terça-feira, 4 de setembro de 2012

Justiça aceita denúncia contra envolvidos no caso PanAmericano


A Justiça Federal aceitou hoje a denúncia encaminhada pelo Ministério Público Federal no último dia 23 de agosto contra 17 ex-diretores e funcionários do Banco PanAmericano.
Para a Justiça Federal, eles são réus e vão responder a processo em que são acusados de crimes contra o sistema financeiro nacional.

As fraudes listadas incluem maquiagem de balanço, desvio de dinheiro, entre outros crimes financeiros, que levaram a um rombo de R$ 4,3 bilhões ao banco que pertenceu ao empresário Silvio Santos.

O caso ficará a cargo do juiz Marcelo Costenaro Cavali, substituto da 6ª Vara Federal Criminal em São Paulo.

Ele recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente do conselho de administração, Luiz Sandoval, o ex-diretor superintendente Rafael Paladino, e outras 15 pessoas que trabalhavam no Banco Panamericano.

Segundo a 6ª Vara, entre as práticas narradas na denúncia, os réus teriam: alterado, de maneira ilícita, o resultado do banco; apresentado documentos falsos durante a fiscalização do Banco Central, realizado retiradas indevidas de recursos da instituição, além de outras condutas denominadas pelo MPF de "relações promíscuas entre o Banco Panamericano e outras empresas do mesmo grupo econômico".

De acordo com Cavalli, há elementos suficientes para abrir o processo na Justiça.

Sobre o ex-presidente do conselho de administração, o juiz afirma que decidiu abrir o processo em função do cargo que ocupava, alegando que ele teria ou deveria ter conhecimento das fraudes. "Em razão do cargo que ocupava, teria ou deveria ter conhecimento de que a situação financeira do banco começara a se deteriorar a partir de 2007", disse.

Também são processados Rafael Palladino (ex-presidente do banco), Wilson de Aro (ex-diretor financeiro), Adalberto Saviolli (ex-diretor de crédito), entre outros ex-funcionários sob suspeita de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e de gestão fraudulenta.
Cavali determinou a citação dos réus para apresentarem a defesa prévia.

NOVA ADMINISTRAÇÃO

O Grupo Silvio Santos acertou a venda ao BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, em 31 de janeiro de 2011 por R$ 450 milhões. Naquela data o rombo decorrente das fraudes era estimado em R$ 4,3 bilhões.

A Caixa Econômica Federal, que havia comprado 36% da instituição em dezembro de 2009 por R$ 739,3 milhões, afirmou que desconhecia a fraude contábil antes de fechar a compra de participação no banco PanAmericano.

Em entrevista, o vice-presidente de finanças da Caixa, Márcio Percival, chegou a afirmar que "todos" foram enganados pela fraude. "A Caixa foi enganada. O mercado foi enganado, as empresas de auditoria foram enganadas", afirmou.

Neste ano, sob o comando da Caixa e do BTG Pactual, o PanAmericano mudou a estratégia de captação de recurso e parou de vender crédito a outros bancos.

A mudança levou a um prejuízo de R$ 262,5 milhões no segundo trimestre -dez vezes maior do que as perdas de R$ 25,5 milhões do mesmo período de 2011.

OUTRO LADO

Procurado, o ex-presidente do conselho do PanAmericano, Luiz Sandoval, disse estar tranquilo com o encaminhamento do caso na Justiça. "Fui inocentado pela Polícia Federal no crime de gestão fraudulenta", disse.

Os advogados de Palladino, De Aro e Saviolli não quiseram comentar porque não tiveram acesso à citação.

A atual administração do banco PanAmericano informou que não comenta fatos relacionados à antiga gestão.
Editoria de Arte/Folhapress
ROMBO NO PANAMERICANO Confira alguns indiciados suspeitos de envolvimento no caso


http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1148463-justica-aceita-denuncia-contra-envolvidos-no-caso-panamericano.shtml

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