Cristóvão Borges não é mais o técnico do Vasco. O treinador anunciou seu pedido de demissão um dia depois da derrota por 4 a 0 para o Bahia, em São Januário. A decisão foi comunicada em entrevista coletiva no início da noite desta segunda-feira ao lado do presidente Roberto Dinamite e do diretor de futebol Daniel Freitas. O auxiliar Gaúcho vai dirigir o time interinamente na partida contra o Palmeiras, nesta quarta-feira, pela 24ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Pressionado pela torcida frequentemente - e ainda mais por conta dos últimos resultados -, ele deixa o clube pouco depois de completar um ano no cargo. Assumiu o comando da equipe em 28 de agosto de 2011, quando Ricardo Gomes sofreu um AVC durante o clássico contra o Flamengo. Desde então, Cristóvão saltou do posto de auxiliar para o de técnico titular.
De acordo com ele, a opção já vinha sendo amadurecida em outros momentos, mas foi definida da noite de domingo para esta segunda-feira. Nos últimos oito jogos, o time conquistou apenas uma vitória. Ele revelou que chegou a telefonar para Gomes, que não aprovou a atitude, assim como sua família. Mas foi irredutível em sua posição.
- Tomei essa decisão sozinho, não tive ninguém que me apoiasse. Nem a minha família, nem o Ricardo (Gomes), e a diretoria não esperava. Mas sou eu que estou vivendo esse momento, achei que essa fosse a hora. Como qualquer quebra de relação, é dolorida, machuca. Sei o quanto estou perdendo, mas é a melhor decisão para mim e para o crescimento do Vasco nesse momento - disse Cristóvão, que manteve seu ar sereno.
A diretoria também descartou a volta de Ricardo Gomes. O treinador, que ainda se recupera do AVC sofrido há pouco mais de um ano, projeta sua volta ao trabalho apenas em 2013 e não tem contrato com o clube. A busca imediata será por um profissional disponível no mercado.
Sob o seu comando, o Vasco fechou o Campeonato Brasileiro do ano passado em segundo lugar, chegou à semifinal da Copa Sul-Americana e foi vice-campeão também da Taça Guanabara e Taça Rio. Além disso, quebrou um recorde ao se manter no G-4 por 48 rodadas consecutivas. Ele dirigiu a equipe em 78 partidas, com 41 vitórias,18 empates e 19 derrotas.
Cristóvão fez questão de agradecer o apoio de todos no clube, inclusive da torcida, lembrando que teve grandes momentos. Mas ressaltou as dificuldades de relacionamento.
- Na conversa que tive com o presidente, coloquei essa necessidade de dar uma mexida e uma sacudida que se fazia necessária. Minha saída é mais valiosa do que meu prosseguimento à frente da equipe. Por isso, tomei essa decisão. Espero estar contribuindo para uma melhora. Me dá orgulho ter feito essa campanha. Agradeço ao Vasco, ao presidente, ao vice de futebol, seu Mandarino, ao Daniel (Freitas, diretor de futebol) pela oportunidade de ter feito parte de um clube desse porte. Deixo um agradecimento especial, apesar das discordâncias, à torcida. Tivemos grandes momentos aqui, e é isso que fica. E um agradecimento especial ao grupo de jogadores, que me manteve aqui por tanto tempo com toda a exigência e pressão. Acredito neles, vão dar a volta por cima. Esse agradecimento é de coração, porque sem eles nada disso de maravilhoso teria acontecido. Peço desculpas a vocês (jornalistas) por alguma coisa, mas acho que a relação sempre foi boa. É vida que segue. Nos encontraremos em outras ocasiões ainda - projetou Cristóvão, antes de se levantar e dar um forte abraço em Dinamite, com um sorriso no rosto.
O Vasco é o nono clube a trocar de treinador neste Brasileiro, sucedendo Atlético-GO, São Paulo, Inter, Bahia, Figueirense, Flamengo, Sport e Coritiba.
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