sábado, 9 de junho de 2012

Mais dois delegados e um investigador da Polícia Civil foram transferidos da delegacia de Juiz de Fora.


O remanejamento foi publicado na Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais na quinta-feira e causou estranheza pela motivação: excesso de contingente no 4º Departamento da Polícia Civil (4º DPC), de onde partiu o pedido. Conforme o documento, o delegado de nível especial Rodolfo Ribeiro Rolli irá prestar serviços no plantão da delegacia de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. Até essa semana, ele estava no plantão da 1ª Delegacia Regional em Juiz de Fora. O irmão dele, delegado nível II Rodrigo Ribeiro Rolli, que respondia pelo 2º Distrito, no Bairro São Mateus, Zona Sul, foi transferido para Campo Belo, no Centro-oeste do Estado. Já o investigador nível III Waldemiro Eugênio Filho passa a atuar na delegacia de Barreiro, na região da capital mineira.
No documento oficial, as transferências são justificadas pelo "contingente funcional superavitário e oportunidade de composição do efetivo de outras unidades fora daquela área circunscricional (4ºDPC), visando a coerência e aprimoramento do serviço, com base nos princípios da eficiência e moralidade e melhor aproveitamento dos recursos humanos". O delegado Rodolfo Rolli informou ontem que ele e o irmão pretendem entrar com mandado de segurança, na segunda-feira, pedindo a revogação da decisão. "Essa transferência não tem lógica. Fiquei sabendo ontem (quinta), quando estava trabalhando no plantão da delegacia. Em Juiz de Fora está faltando gente para trabalhar na Polícia Civil."
O presidente da seção local do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol), Marcelo Armstrong, também estranhou a motivação das transferências. "O déficit só em Juiz de Fora chega a 200 policiais civis. Com essas novas transferências, aumenta ainda mais a demanda. Para não prejudicar mais o serviço, é preciso que novos delegados e investigadores venham para Juiz de Fora. Também é preciso apurar a verdadeira razão das transferências. Mas excesso de policiais com certeza não há aqui".
A falta de policiais civis no 4º Departamento, que engloba Juiz de Fora e outros 85 municípios da região, é tão evidente que o concurso da Polícia Civil em andamento prevê seis vagas para delegados e 13 escrivães no departamento, número, ainda assim, considerado insuficiente para atender ao déficit total. Só no mês que vem, dois delegados que atuam na cidade vão se aposentar. Outra mostra de que há falta de pessoal vem do próprio titular da 1ª Delegacia Regional da Polícia Civil de Juiz de Fora, Paulo Sérgio Xavier Virtuoso, que assumiu no mês passado. Durante sua apresentação à imprensa, Virtuoso garantiu que o Governo estadual vai autorizar a contratação remunerada de 900 estagiários de direito em todo o estado, o que deve desafogar um pouco o trabalho nas delegacias. Essa experiência já estava sendo utilizada pelo delegado enquanto ele chefiava a regional de Ubá, de onde saiu para assumir o cargo em Juiz de Fora. A nomeação de candidatos excedentes no atual concurso da Polícia Civil também foi apontada pela autoridade policial como uma das soluções para o problema.
O chefe do 4º DPC, Rogério de Melo Franco Assis Araújo, também reconheceu a necessidade de maior efetivo na cidade, e disse ontem à Tribuna, que na última segunda-feira, solicitou à Prefeitura de Juiz de Fora ajuda de pessoal. "Solicitamos ao prefeito Custódio Mattos a cessão de servidores de digitação para que atuem na confecção de documentos de trânsito, liberando os policiais para sua atividade fim, a investigação."
Entretanto, explicou que a transferência dos três policiais "atende à demanda da região metropolitana e à necessidade de remodelagem da Polícia Civil", explicando ainda que "outras regionais, como Montes Claros, também disponibilizaram servidores para regiões mais aflitas de pessoal." Ele ainda garantiu que vai trabalhar para recompor o quadro de Juiz de Fora, citando os concursos em andamento.
A assessoria da Polícia Civil em Belo Horizonte não informou se novos policiais serão remanejados para Juiz de Fora, a fim de ocupar as vagas deixadas pelos delegados e pelo investigador transferidos.

Delegacia em JF sofre série de mudanças

As recentes mudanças na Polícia Civil começaram no dia 26 de maio, quando o delegado Fernando Camarota Filho, que respondia pela 6ª Delegacia Distrital em Juiz de Fora, foi transferido para Betim, e um de seus investigadores, o policial Alexandre Soares, passou a trabalhar na Delegacia de Polícia Civil de Plantão Noroeste, em Belo Horizonte. No caso do delegado Camarota, a justificativa, conforme a Imprensa Oficial de Minas Gerais, se deu "no interesse da administração e em consonância com procedimento disciplinar instaurado, nos termos do ofício nº 30.531/ASJUR/167.960, de 15/05/2012, da Corregedoria Geral de Polícia Civil". Já o investigador foi remanejado "por necessidade da administração".
O delegado Fernando Camarota é um dos investigados pela Corregedoria da Polícia Civil e pelos deputados da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) por suposto envolvimento com jogos de azar. Vários policiais militares e civis de Juiz de Fora são investigados por suspeita de receber propina de bicheiros para permitir o funcionamento de bancas do jogo do bicho e de máquinas caça-níqueis na cidade. Por enquanto, nada foi comprovado e todos os policiais continuam trabalhando normalmente.
O delegado Rodolfo Rolli, policial civil há 20 anos, nega que esteja sendo investigado por isso. "Eu e meu irmão fomos os que mais combatemos caça-níqueis em Juiz de Fora. Apreendemos caminhões e mais caminhões de máquinas nos últimos anos. Não respondemos a nenhuma sindicância ou processo por envolvimento com jogo de azar."
O delegado chefe do 4º Departamento de Polícia Civil, Rogério de Melo Franco Assis Araújo, confirmou ontem que não há nenhuma relação entre os dois delegados e o investigador transferidos neste feriado. "Os policiais transferidos não têm nada que os desabone. A transferência é mesmo por conveniência da Polícia Civil." Para Rogério, o processo faz parte da carreira pública. "A transferência é rotina na carreira de qualquer servidor, e a enxergo como uma oportunidade, já que pelo desprendimento, o policial pode ser reconhecido para fins de promoção."

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