sexta-feira, 29 de junho de 2012

Exército deixa o Alemão nesta sexta: “fomos ríspidos, mas cumprimos o dever”


Policiais já assumiram o comando da região com instalação de UPP
Ilustração: Cadu Tavares (Gabeira.com)
A região dos complexos da Penha e Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, passará nesta sexta-feira (29) pela última etapa do processo de substituição da Força de Pacificação do Exército por policiais militares. As últimas comunidades a receberem UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) foram as que compõem o Parque Proletário da Penha, incluindo a Vila Cruzeiro.

Diante do fim de um ciclo que marcou a história das Forças Armadas, o major Marcus Bouças, oficial de comunicação da Força de Pacificação, exaltou o período de permanência na região, mas admitiu que foi preciso agir com maior rigidez em razão de algumas atitudes “desproporcionais” de moradores.

— Buscamos desempenhar o trabalho da melhor forma possível, para o bem de toda a comunidade. Os poucos acontecimentos de confronto se deram pela necessidade de momento, por causa de algumas atitudes que não condiziam com a normalidade. Foi preciso usar mais rispidez nestes casos. Mas todos foram levantados e investigados através de Inquérito Policial Militar e foram solucionados.

Segundo Bouças, porém, os episódios negativos não apagam a história construída desde que os complexos foram tomados das mãos da maior facção criminosa do Rio, em novembro de 2010. O major considera que a passagem do Exército pelo Alemão e Penha cumpriu os objetivos e preparou o terreno para que o governo do Estado estendesse a rede das UPPs.

— Saímos desta missão totalmente motivados. Temos consciência do dever cumprido. Nos propusemos a manter a paz na região, deixando sempre em primeiro lugar o bem estar da população.

Ao longo dos quase dois anos de presença do Exército nas comunidades, alguns confrontos com moradores colocaram o projeto em xeque. No último dia 10 de março, um jovem acusou soldados de o terem torturado na Vila Cruzeiro. O caso foi levado à Polícia Civil, que abriu inquérito. Mais de dez militares foram ouvidos e negaram o crime.

Em setembro do ano passado, uma ação de criminosos desestabilizou por alguns momentos o comando do Exército no Complexo do Alemão. No dia 4, moradores e militares se envolveram em uma confusão. Segundo os militares, eles foram atacados com pedras e garrafas e reagiram com balas de borracha e spray de pimenta.

Dois dias depois, um novo conflito, desta vez com traficantes, voltou a deixar em foco o complexo. Tiros foram disparados por criminosos, o que assustou moradores e fechou o comércio local. À época, o major Marcus Bouças informou que um homem ficou ferido, próximo à estação de teleférico da Fazendinha. Segundo Bouças, a vítima estava aparentemente alcoolizada.

O Exército não confirmou na ocasião, mas o tiroteio teria começado após um "bonde" de ao menos dez carros com 50 traficantes armados invadir uma das favelas da região, segundo informações recebidas pela polícia. Ainda de acordo com os policiais, os bandidos seriam remanescentes da Vila Cruzeiro e teriam tentado retomar parte do território ocupado.

Último passo

A instalação da UPP no Parque Proletário da Penha foi iniciada às 6h de quinta-feira (28). O mesmo processo já havia sido realizado entre março e junho nas comunidades da Fazendinha, Nova Brasília, Alemão, Pedra do Sapo, Chatuba, morro da Fé e morro do Sereno.

Segundo o comando da Polícia Pacificadora, o total do efetivo na área dos complexos do Alemão e Penha deve ser de cerca de 2.000 policiais.

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