Causo domingueiro
Ricardo Montedo
Figura folclórica na história do 144 RC, o coronel Jogevas serviu na unidade várias vezes, a primeira como aspirante, recém egresso da Escola Militar do Realengo, no final dos anos 40 do século passado.
Natural de São Pedrito, Jogevas namorava Marília desde a adolescência, e tratou de casar-se assim que se formou. Não tardou e surgiu a primeira gravidez, motivo de alegria e expectativa para o jovem casal.
Ocorre que, para Jogevas, 'raro' era pouco. Sua capacidade de fazer trapalhadas e sua notória burrice eram atributos para incluí-lo na categoria dos 'legendários', com louvor.
O capitão Pancrácio, comandante do primeiro esquadrão de fuzileiros, era uma espécie de precursor da Dilma - no que tange as boas maneiras, se é que me entendem - e há tempos já tinha perdido a paciência com as trapalhadas do aspira.
O fato a seguir narrado sucedeu numa partida de pólo, ao qual, para variar, o pobre Jogevas não era muito afeito.
Após erros sucessivos, que foram irritando cada vez mais o capitão, num acesso de fúria, Pancrácio investiu seu cavalo contra o aspirante, taco em punho, pronto para dar-lhe um corretivo mais forte.
Ao pressentir o ataque, o apavorado Jogevas encetou louca cavalgada em direção ao quartel, seguido de muito perto pelo capitão. Os passantes, atônitos, assistiam aquela cena insólita, sem nada entender.
Pancrácio berrava:
- Vou te matar, aspirante de merda!
Jogevas, desesperado, retrucava:
- Não me mate, capitão, eu vou ser pai!
- Tu tinhas era que ser mãe, seu fdp!
E, ante o olhar da guarda atônita, a inusitada dupla sumiu no rumo das baias do velho regimento.
O que aconteceu daí em diante ninguém soube, mas o fato é que Jogevas não morreu. Porém, por via das dúvidas, ajeitou com o subcomandante uma providencial transferência para o esquadrão de petrechos pesados, onde, apesar do nome, a vida lhe foi bem mais leve.
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