segunda-feira, 2 de abril de 2012

Adrenalina e vício em água salgada: os bastidores da Travessia dos Fortes


Com mais de 2 mil atletas dispostos a completar o percurso de 3,5km na água salgada da praia de Copacabana, a Travessia dos Fortes viu o nadador Luis Arapiraca vencer a provade forma emocionante neste domingo, na batida de mão. Mas nem todo mundo estava de olho na medalha de ouro. O produtor de Esportes da TV Globo Guilherme van der Laars, que encarou a aventura, conta no texto abaixo os bastidores da prova.
Travessia dos Fortes Guilherme van der Laars (Foto: Arquivo pessoal)A medalha ao fim da prova: Guilherme encarou e venceu os 3,5 quilômetros (Foto: Arquivo pessoal)
Saca aquela marchinha clássica de carnaval? “Se você pensa que cachaça é água, cachaça não é água não”. Pois é, para mim cachaça é água sim. Salgada e sem álcool. Do mar. Estou viciado em maratonas aquáticas. E lá fui eu participar mais uma vez da Travessia dos Fortes na manhã deste domingo em Copacabana.

Das dez edições da história da prova, nadei sete. Na deste ano, o mar estava perfeito. Liso e com uma temperatura bem agradável. Sol, pouco vento. Mas Travessia dos Fortes que se preze não tem moleza. É uma guerra desde a inscrição. Para falar a verdade, é mais difícil se inscrever do que completar o percurso de 3,5km. Faltam vagas para tantos viciados em água salgada. É sério, esse negócio de maratona aquática vicia. Pergunte ao casseta Hélio de la Peña, assíduo frequentador desse tipo de prova.

E olha que não faltariam motivos para desistir. Quem é menos resistente a adrenalina já fica pela largada. São mais de 20 minutos posicionado, hipnotizado à espera do tiro de canhão que dá a saída. E quando vem o tiro, são outros milhares de nadadores dividindo um espaço pequeno, que soa contraditório olhando-se para a imensidão do mar de Copacabana.

Travessia dos Fortes no Rio de Janeiro (Foto: Fernando Soutello / Agif)Caos aquático: sobram braçadas para todos os lados durante a Travessia (Foto: Fernando Soutello / Agif)
É impossível não levar uma braçada na nuca, na perna. Uma pernada no braço, nas costas. Com sorte, dá para sair com a cabeça ilesa. Dei sorte porque só fui ter o rosto atingido mais para o final da prova. Os óculos quase saíram do lugar. Mas segui sem grandes prejuízos. Pior foi com meu parceiro de natação, na verdade o meu guru, professor Jordan. É ele quem passa minha série para três ou quatro treinos na piscina durante a semana. Levou uma cotovelada no ouvido logo na largada. Completou a prova, guerreiro que é. Mas, com o ouvindo sangrando, teve que ser atendido no posto médico logo após a chegada. Nada grave, ainda bem.
E depois de superar trombadas e mais trombadas, como é bom ver a chegada na areia da praia. Melhor ainda é depois de tudo, olhar o mar de Copacabana de ponta a ponta e pensar: eu venci você de novo. Agora, vou descansar. Estou de porre. De água salgada. Mas, detalhe: essa cachaça faz bem à saúde.

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