Um jovem integrado ao serviço militar no Tiro de Guerra de Penedo decidiu que poderia fortalecer os músculos tomando “bombas”, mas o uso de anabolizantes o levou para hospitais de Alagos e de Sergipe. O caso do soldado que teve a identidade preservada foi revelado pelo Chefe de Instrução do TG 07 008, Tenente Aldori Junker.
Com objetivo de alertar para os riscos provocados à saúde por conta do uso de anabolizantes, danos comprovados inclusive em atletas ‘turbinados’ pelo doping para conquistar vitórias e quebrar recordes, o responsável pelo Tiro de Guerra de Penedo enviou e-mail para a redação do portal Aqui Acontece.
“Divulgamos para que o cidadão ou o militar que queira resultado rápido em sua forma física não siga o procedimento de procurar substâncias ou meios que vão contra a natureza humana”, argumenta o oficial do Exército brasileiro na mensagem eletrônica.
O Tenente Junker acrescenta ainda que decidiu divulgar o caso porque soube de “casos em que a pessoa perdeu um membro do corpo ou até mesmo a própria vida”. O atirador do TG de Penedo recupera-se em sua casa, mas poderia estar mutilado ou em óbito. Apesar de praticar atividades físicas regulares no Exército, o jovem pagou R$ 25 por uma “bomba”, dose de anabolizante para fortalecimento da musculatura de animais, especialmente cavalos.
A aplicação ocorrida no dia 29 de março em local não informado tirou o soldado do combate. As dores no braço esquerdo, especificamente à altura do ombro, fizeram o atirador faltar as instruções. Comunicado pelo comando sobre a necessidade de retornar ao TG 07 008, sob pena de desligamento do serviço militar, o atirador compareceu ao quartel e revelou o motivo de sua ausência.
Ao ser cumprimentado por um colega de farda que bateu no local da aplicação da bomba, o soldado não suportou a dor e caiu no chão. Encaminhado para a Unidade de Emergência de Penedo, o atirador recebeu atendimento e alta médica. Contudo, dois dias depois foi novamente levado para o mesmo pronto-socorro “pois tinha piorado, sentindo muita dor e dificuldade nos movimentos do braço e ombro afetado”, informa o Tenente Junker em seu relato.
Autorizado por seus superiores, o chefe de instrução do TG de Penedo transferiu o atirador da Unidade de Emergência de Penedo para o Hospital João Alves Filho, localizado em Aracaju-SE. A inflamação no ombro esquerdo do paciente havia piorado e mesmo sob efeito de anestesia, a retirada de toda a secreção foi bastante dolorida.
Confira o relato do procedimento médico, conforme descrito pelo Tenente Junker
“Antes mesmo de fazer o corte necessário, o médico pegou uma seringa com um tipo de agulha diferente e sugou cerca de 3 ml de pus da área afetada. Após isto, pegou um alicate de ponta e com um bisturi com lâmina de três centímetros começou a cortar na altura do ombro na lateral do braço, aproximadamente no local onde se toma injeção. Pelo que notei, a inflamação deve ocorrer muito próximo ao osso pois só depois do médico inserir a lâmina várias vezes e cada vez mais profundo, o pus começou a sair como um jato. Ao todo deve ter saído entre meio a um litro de secreção branca, misturada com sangue.
Ao começar sair a inflamação, o odor era quase insuportável, cheiro de podre mesmo, e por várias vezes ele teve novamente que usar a lâmina para abrir mais o buraco feito no braço, ao mesmo tempo em que pressionava a parte inchada para que a inflamação saísse. Após isto, o médico pegou uma luva nova, cortou um pedaço dela e introduziu no buraco aberto no braço, deu um ponto para firmar o dreno e pediu para que a enfermeira fizesse o curativo”.
Após dois dias de internação hospitalar na capital sergipana, o paciente recebeu alta do hospital cujo quadro de superlotação não é diferente do Hospital Geral do Estado (HGE), unidade similar ao Hospital João Alves Filho. O retorno do atirador ao serviço militar deve acontecer nesta segunda-feira, 09 de abril.
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