Rio -  Reunidos no Centro de Coordenação de Operações na base do Exército no Complexo do Alemão, generais, coronéis e policiais observam atentamente, através de uma TV de 42 polegadas, a ação de militares e a movimentação de moradores nos complexos do Alemão e da Penha. O patrulhamento é feito distante dali, mas é acompanhado e analisado pelo grupo no exato momento em que acontece, graças às lentes em HD (high definition, alta definição, em inglês)do soldado-câmera, que filma a rotina da região e transmite em tempo real imagens para o centro.

É dessa forma que em 10 dias — quando a Polícia Militar iniciará a ocupação do Complexo do Alemão e o Centro de Coordenação de Operações começará a funcionar — as ações das forças de segurança e o dia a dia dos moradores na região passarão a ser monitorados. A câmera, adquirida pelo Exército, já está em uso pelos soldados, mas, até que o centro comece a operar, as imagens estão sendo visualizadas apenas para testes pela Força Armada.

O soldado-câmera leva o equipamento na mão e o resto, na mochila. Por um painel, um outro militar ajusta as imagens captadas pelas tropas para que elas cheguem com a maior nitidez possível ao Centro de Coordenação de Operações. O equipamento tem longo alcance, também capta áudio, e as filmagens ficam gravadas. Elas poderão ser usadas como provas em inquéritos policiais.

Foto: Fabio Gonçalves / Agência O Dia
Foto: Fabio Gonçalves / Agência O Dia
Comandante da Força de Pacificação, o general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva defende o emprego da tecnologia nas operações de segurança. “Monitorando a ação no exato momento em que ela acontece, vamos ter condições de avaliar a melhor decisão a ser tomada num momento de crise. E mais: a filmagem não vai deixar dúvidas sobre a conduta dos envolvidos, por exemplo, num conflito”, explicou o oficial.
Foto: Arte O Dia
Foto: Arte O Dia
 O general Tomás será um dos integrantes do Centro de Coordenação de Operações, que terá representantes das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e do Choque, além da Polícia Civil, e Secretaria de Segurança. Além da TV de 42 polegadas, a sala tem computadores e mapas da região.
Para o oficial, o centro será fundamental para as ações de Inteligência. “Vamos trocar informações diretamente entre as forças e agir na hora que elas chegarem, se for preciso. Não tem mais essa de um ficar aqui e outro lá. Será um trabalho de colaboração”.

A troca de soldados do Exército por PMs nos complexos do Alemão e da Penha começa dia 28 com a entrada dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e do Choque no Alemão. Mas as mudanças no patrulhamento da região já começaram. Para evitar a fuga de traficantes que ainda permanecem nas comunidades, o Exército já intensificou a ação nas possíveis rotas de fuga dos criminosos. A PM e a Força Armada também já vêm trocando informações.

A entrada da PM marca o início do processo de implantação das sete UPPs da região, tomada pelo Exército há um ano e quatro meses. A Força Armada deixará as favelas à medida em que forem sendo ocupadas pela PM.

Os policiais vão entrar primeiro no Complexo do Alemão, que ganhará três UPPs. Nova Brasília e Fazendinha — essa última cuja sede será na estação Palmeira do teleférico — serão as primeiras ocupadas. Em abril, é a vez do Morro do Alemão, cuja UPP terá bases avançadas nos morros da Baiana e Adeus.

Na Penha, a PM entra em maio pela Chatuba, Caixa D’Água e Grotão (que farão parte de uma UPP); e Fé (cuja UPP abrangerá o Sereno e Paz). Em junho, é hora do Parque Proletariado e Vila Cruzeiro, onde haverá uma UPP em cada área.