quarta-feira, 21 de março de 2012

Ex-ministro da Justiça é contratado por Eike Batista para defender filho


O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos foi contratado pelo empresário Eike Batista para defender seu filho, Thor Batista, que na noite de sábado (17)atropelou um ciclista na BR-040, na altura de Xerém, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Além de Thomaz Bastos, que faz parte do escritório Chiaparini e Bastos Advogados, também foi contratado para o caso Celso Sanchez Vilardi, do escritório Vilardi & Advogados Associados. Ambos os escritórios têm sede em São Paulo. Celso Vilardi acompanhou o jovem no depoimento desta quarta-feira (21).
No seu Twitter, Eike Batista justificou a contratação do ex-ministro: "Só contrato o melhor". Thomaz Bastos é um dos maiores especialistas em direito criminal do país e foi ministro da Justiça no primeiro governo de Lula.
Em nota, a Polícia Civil do Rio informou que o delegado titular da 61ª DP (Xerém), Mario Arruda, descartou nesta quarta a hipótese de homicídio doloso (quando há intenção de matar). Além disso, segundo a nota, foi colhido o sangue de Wanderson Pereira dos Santos, 30 anos, morto no acidente, para verificar se ele havia ingerido bebida alcoólica.
Thor  Batista deixou a 61ª DP (Xerém), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, por volta das 14h20 desta quarta, após prestar depoimento sobre o acidente. O jovem falou com a imprensa antes de sair do local.
"Eu gostaria de fazer uma declaração à mídia sobre o ocorrido. Gostaria de dizer que lamento, eu lamento profundamente pela perda do Wanderson, eu respeito a dor da família, a perda de um ente querido é complicado. E mesmo convicto da minha inocência, eu confirmo aqui que vou prestar todo o auxílio necessário à família e até o que for mais que o necessário", disse Thor Batista ao deixar a delegacia, acompanhado de advogados e seguranças.
Um dos advogados de Thor Batista, Celso Vilardi, voltou a afirmar que seu cliente estava trafegando dentro da velocidade permitida no local do acidente. "Ele prestou todos os esclarecimentos a respeito do acidente, contou detalhes do que aconteceu aquela noite", disse o advogado. "Existem elementos muito seguros dos autos, que mostram que esse acidente ocorreu porque Wanderson estava com a sua bicicleta no meio da pista. Já existem indícios mais do que seguros no inquérito, e, portanto, é um acidente inevitável. Nós lamentamos muito", completou.
thor batista (Foto: Pablo Jacob / Agencia O Globo)

Ainda de acordo com Vilardi, os jovens não consumiram bebida alcoólica antes do acidente.
O amigo de Thor, que estava com ele no dia do acidente, foi o primeiro a depor nesta manhã, segundo a polícia. Nesta quarta-feira, não são esperados novos depoimentos, segundo a polícia.

Thor e o amigo chegaram em dois carros, por volta das 9h à sede da delegacia em Duque de Caxias, acompanhado de dois advogados e cinco seguranças.

Eles passaram pela entrada lateral do prédio e seguiram direto para o depoimento. De acordo com a polícia, eles foram ouvidos separadamente pelo delegado titular da 61ª DP, Mário Roberto Arruda, que voltou nesta quarta de férias.

Não houve indiciamento, diz delegado

O delegado afirmou que "não houve indiciamento" e que outras quatro testemunhas, além de Thor e o amigo, já foram ouvidos: dois agentes da PRF e dois motoristas que passaram pelo veículo conduzido por Thor na noite do acidente. A polícia também tenta identificar outra pessoa que teria passado no local no momento do acidente.

Segundo o titular da 61ª DP (Xerém), já foram feitas duas perícias no carro, mas ele não descarta a hipótese de fazer uma terceira. A polícia aguarda o laudo da perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), que vai estimar a que velocidade Thor trafegava no momento do atropelamento. O documento ficará pronto entre 15 e 30 dias.
"O veículo não foi retirado do local, a pericia foi feita no local pelos peritos do ICCE. Foi tudo fotografado, foi feita uma perícia minuciosa do local, inclsive do veículo, então o local pode ser liberado e o veículo também. A segunda perícia foi feita na garagem dele porque o perito achou por bem sanar algumas outras dúvidas para ele poder elaborar melhor o laudo, estamos pensando em ver a possibilidade de uma terceira perícia, mas essa vai ser requisitada por mim porque eu tenho que averiguar provas", disse o delegado.
Ainda de acordo com o policial, se for comprovado que Thor conduzia o veículo acima da velocidade permitida, ele poderá ser indiciado por homicício culposo, com pena que varia de 2 a 4 anos de prisão. No entanto, o delegado afirma que "as investigações apontam que a vítima estava no meio da pista". "Nós queremos uma apuração isenta de como ocorreu esse acidente", disse.

Ainda segundo os agentes, o amigo de Thor Batista falou por cerca de duas horas e meia. A polícia ainda não divulgou o teor dos depoimentos. Além dos advogados e seguranças, três assessores do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, acompanharam os trabalhos na delegacia.

O Detran informou que abriu um processo administrativo para apurar o acidente.
Na terça-feira (20), o empresário divulgou no microblog Twitter uma foto com o braço machucado. Nas fotos, o jovem aparece com escoriações no rosto e no braço. Thor já tinha usado o Twitter para dar sua versão sobre o acidente.
Carros do Thor (Foto: Rodrigo Silva Vianna/G1)


Multas na carteira
Ainda na terça, o advogado da família do ajudante de caminhão afirmou que pretende processar o governo do estado do Rio de Janeiro se ficar comprovado que Thor Batista tem 51 pontos na carteira de habilitação. “Pedi para fazer um levantamento sobre a informação dada pelo Jornal Nacional ontem. Se ficar comprovado que Thor tem 51 pontos na carteira, vamos acionar também o governo do estado, que nessa circunstância teria total responsabilidade”, explicou Cleber Carvalho Rumbelsperger.

O advogado da família de Wanderson quer saber também onde estão acautelados o carro que Thor dirigia e a bicicleta da vítima.
Segundo ele, como os veículos fazem parte de um inquérito policial, não podem ser liberados. “Vamos buscar a Justiça a qualquer custo”, garantiu Cleber.
O advogado da família da vítima disse que vai aguardar o resultado da perícia para qualificar o crime e saber se foi homicídio doloso ou culposo. “Pela avaria no veículo e pelo estado em que ficou o corpo da vítima é possível que o motorista estivesse em uma velocidade acima do permitido. Se isso for constatado, ele assumiu o risco de um resultado como esse. O crime passa de culposo a doloso”, afirmou Cleber.
O valor do dano material ainda não foi definido pelo advogado. Segundo ele, é preciso definir a renda per capita da família e saber exatamente a falta que a renda de Wanderson vai representar neste orçamento.

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