quinta-feira, 9 de julho de 2015

JUIZ DE FORA PODE NÃO TER DESFILE DAS ESCOLAS NO CARNAVAL 2016

Prefeitura propõe cortar mais da metade da verba para o carnaval 2016

Para Liga das Escolas de Samba, desfile na avenida, antecipado para a última semana de janeiro, seria inviável.

Para Liga das Escolas de Samba, desfile na avenida seria inviável; agremiações do Grupo A receberiam 65% menos do que em 2015 (Gil Velloso/Divulgação/PJF)

A redução significativa da verba que a Prefeitura repassa às escolas de samba de Juiz de Fora pode inviabilizar o desfile das agremiações no carnaval de 2016. A proposta do Executivo é reduzir de R$ 63 mil para R$ 22 mil o valor repassado a cada escola do Grupo A, o que representa 65% menos. Para a maioria das agremiações, o repasse do dinheiro público representa a maior parte do montante usado para a confecção das fantasias e alegorias. Para o Grupo B, a redução seria de R$ 34 mil para R$ 14 mil. Já a única escola do Grupo C continuaria recebendo R$ 7 mil. A proposta foi apresentada na terça-feira (7), durante reunião entre secretários municipais e representantes da Liga das Escolas de Samba de Juiz de Fora (Liesjuf) e das agremiações. Não só os desfiles seriam afetados pelo corte no orçamento, bem como todas as outras festividades carnavalescas apoiadas pela Funalfa, incluindo apoio a blocos de rua, atividades tradicionais, bailes, carnavais de bairros, comunidades e zona rural, além do Corredor da Folia. A proposta designa R$ 900 mil para todas as atividades, 55% a menos que no último carnaval. Este ano, os recursos empreendidos foram em torno de R$ 2 milhões.
O vice-presidente da Liga das Escolas de Samba de Juiz de Fora (Liesjuf), Marcos Tadeu Soares, considera “absurda” a redução. “É impossível fazer o desfile com uma verba dessa. Oitenta por cento das escolas já decidiram que não vão desfilar”, disse. Na próxima segunda-feira, uma reunião entre os presidentes das agremiações vai discutir uma contraproposta. Caso não consigam aumentar o valor repassado pela Prefeitura, uma das propostas da Liga é que o dinheiro seja usado para eventos dentro de cada comunidade, cancelando o desfile na Passarela do Samba, montada na Avenida Brasil.
Em nota, a Funalfa justifica a redução ao “cenário econômico nacional” e à “essencial economia de recursos e ajustes orçamentários”. Do valor total proposto para 2016, R$ 500 mil serão direcionados ao desfile das escolas de samba. A divisão proposta destina R$ 245 mil à Liesjuf e R$ 255 mil à estrutura e ao suporte necessários à montagem da Passarela do Samba. “A ideia é que o desfile seja totalmente remodelado, atendendo à atual realidade econômica do município”, diz a nota.
Conforme a PJF, a partir da apresentação da proposta, as escolas de samba têm até 15 de agosto para confirmar a participação e apresentar um plano para o desfile com os recursos indicados. “O desfile só será efetivado se houver adesão de pelo menos 60% das agremiações. Ficou proposto, ainda, que se a escola de samba confirmar participação e não efetivá-la, a agremiação ficará impedida de receber recursos da Prefeitura nos próximos dois anos.”
A Prefeitura vai apresentar ainda, por meio da Comissão de Carnaval, a configuração de uma nova estrutura para a Passarela do Samba, que permanecerá na Avenida Brasil, entre as pontes do Manoel Honório e Santa Terezinha, no Bairro Mariano Procópio. A antecipação do desfile será mantida para uma semana antes do carnaval nacional.

Reações
“Não tem lógica fazer o carnaval com a redução dessa forma. Se essa for a proposta da Prefeitura, o Retiro já decidiu que não desfila”, decreta o presidente da Unidos das Vilas do Retiro, José Adriano da Silva. “É muito simples fazer o Corredor da Folia. Mas o desfile tem uma logística, tem um trabalho de preparo de um ano inteiro para chegar à avenida”.
O diretor de carnaval da Mocidade Alegre, Henrique Araújo, lembra que a verba não sofria reajuste há seis anos, enquanto que o custo dos materiais usados nos barracões aumentou. “Já fazíamos o carnaval com bastante dificuldade. Se reduzir para R$ 22 mil, será bem complicado, porque não paga nem 1/4 do custo. Temos que avaliar se vale a pena fazer. Não adianta fazer com verba reduzida e não apresentar bom carnaval, sem qualidade.”. Ele lembra ainda que diversas escolas estão com suas quadras interditadas, o que inviabiliza a realização de eventos para arrecadas fundos.

Blocos e carnaval de rua
Além do desfile das escolas de samba, outras festividades carnavalescas devem sofrer redução de repasse de verbas municipais. Dentro do valor total proposto pela PJF, R$ 400 mil serão destinados a esses eventos. Conforme a Funalfa, todos os pedidos de apoio serão avaliados por uma comissão mista, envolvendo diversos setores da Prefeitura e demais órgãos de segurança que atuam no município, assim como foi feito em 2015. “Os apoios serão reajustados, de acordo com a nova realidade econômica.” A proposta indica, também, que não serão concedidos apoios financeiros a novas iniciativas. No entanto, atividades estreantes poderão ser autorizadas de acordo com a análise da comissão.
http://www.tribunademinas.com.br/prefeitura-propoe-cortar-mais-da-metade-da-verba-para-o-carnaval-2016/

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