quarta-feira, 27 de maio de 2015

Marin, ex-presidente da CBF, e executivos da Fifa são presos por corrupção

O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin e outros seis dirigentes da Fifa foram presos nesta quarta-feira (27) pela polícia suíça, em uma operação surpresa a pedido dos Estados Unidos. 
Eles estão sendo investigados pela Justiça norte-americana por suposto esquema de corrupção. O Departamento de Justiça dos EUA pediu a detenção de Marin, de Jeffrey Webb, (Ilhas Cayman), vice-presidente da comissão executiva e presidente da Concacaf, Eduardo Li, , presidente da Federação da Costa Rica, Julio Rocha, (Nicarágua), presidente da Federação Nicaraguense, Costas Takkas, braço-direito do presidente da Concacaf, Rafael Esquivel, presidente da federação da Venezuela e membro do comitê-executivo da Conmebol e Eugenio Figueredo, (Uruguai), que também integra o comitê da vice-presidência executiva e até recentemente era presidente da Conmebol. 
O dono da Traffic - importante empresa de venda de ingressos e marketing esportivo -, o brasileiro José Hawilla, é citado no escândalo desta quarta-feira. Hawilla devolveu US$ 151 milhões (R$ 473 milhões) em um acordo com a Justiça, em dezembro do ano passado, quando confessou a sua participação no esquema de extorsão, conspiração por fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. Em 14 de maio deste ano foi considerado culpado por fraude bancária. 
Confira nota divulgada pela Justiça dos Estados Unidos, que cita o acordo:
"Em 12 de dezembro de 2014, o acusado José Hawilla, dono e fundador do Grupo Traffic, o conglomerado de marketing esportivo brasileiro, foi indiciado e declarado culpado por extorsão, conspiração por fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça. Hawilla concordou em devolver mais de US$ 151 milhões, sendo US$ 25 milhões destes pagos no momento de seu apelo.
Em 14 de maio de 2015, os acusados da Traffic Sports USA Inc. e Traffic Sports International Inc. foram considerados culpados por fraude bancária.
Todo o dinheiro devolvido pelos acusados estão sendo guardados na reserva para assegurar sua disponibilidade para satisfazer qualquer ordem de restituição em sentenças que beneficiem qualquer pessoa ou entidade qualificada como vítima dos crimes destes acusados sob a lei federal".
José Maria Marin é um dos detidos na operação
José Maria Marin é um dos detidos na operação
Vale destacar que de acordo com o regulamento do imposto de renda - decreto 3.000/99, em seu artigo 957, "Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de imposto (Lei 9.430/66, art. 44). II - de 150%, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts 71,72 e 73 da Lei 4.502/64, independente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis."
O imposto é de 27,5% sobre o valor sonegado que deverá ser pago acrescido de multa de 150% e taxa selic desde o momento do ato da sonegação.
Escândalo na Fifa
De acordo com fontes locais, pode chegar a 14 o número de acusados. Logo nas primeiras horas da manhã, a polícia suíça deflagrou uma operação no luxuoso hotel Baur au Lac, em Zurique, onde alguns dos cartolas estavam hospedados para o encontro anual de dirigentes da Fifa. No entanto, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, de 79 anos, não está entre os acusados. Até o momento, o número um da instituição é alvo apenas de investigação. 
Na presidência da Fifa desde 1998, quando sucedeu João Havelange, Blatter deve ser reeleito na próxima sexta-feira (29) para seu quinto mandato consecutivo. Seu único adversário na disputa é o príncipe da Jordânia, Ali bin Al-Hussein. As suspeitas de corrupção recaem sobre mais de US$ 100 milhões que teriam sido movimentados nos últimos 20 anos e se referem a contratos de marketing, direitos televisivos e organização de torneios. A Fifa foi investigada há anos pelo FBI e sempre negou as acusações. Agora, os EUA devem pedir a extradição dos suspeitos.
Além do processo nos Estados Unidos, as autoridades suíças recolheram hoje documentos na sede da Fifa em uma investigação sobre a escolha das sedes dos mundiais de 2018 e 2022, que serão disputados na Rússia e no Qatar, respectivamente. Logo após a notícia das prisões, o ministro russo do Esporte, Vitali Mutko, afirmou à mídia local que as investigações não estão relacionadas à organização do torneio no país. "Vimos que algumas pessoas foram presas. Muitas delas não têm relação nenhuma com a análise dos requisitos para sediar o mundial e não eram membros do comitê executivo da Fifa", destacou. 
FuturoDe acordo com o porta-voz da Fifa, Walter De Gregorio, apesar das prisões, o congresso anual da entidade em Zurique continuará, assim como a eleição presidencial de sexta-feira. De Gregorio também garantiu que as Copas do Mundo de 2018 e 2022 serão disputadas "normalmente". Sobre a situação de Blatter, o porta-voz contou que ele está "calmo" e que "não renunciará ao cargo". Segundo o porta-voz, a Fifa é a parte "prejudicada" no episódio, portanto, está "colaborando" com as autoridades. 
Os bastidores da Fifa nas vendas de ingressos para a Copa no mercado negro 
Em junho de 2014, o Jornal do Brasil publicou reportagem sobre o suspeito sistema de venda de ingressos para a Copa do Mundo adotada pela Fifa.  O que era segredo estava nos bastidores obscuros da distribuição dos bilhetes, envolvendo troca de favores e agentes do mercado negro. A verdade foi revelada pelo jornalista britânico Andrew Jennings, em seu livro “Um jogo cada vez mais sujo”, que dá detalhes das transações ilegais que enriqueceram os representantes das maiores instituições ligadas ao Futebol, incluindo os nomes dos brasileiros Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF e João Havelange, ex-presidente da Fifa.
As investigações de Jennings apontam os irmãos Jaime Byrom e Enrique Byrom, do México, como os grandes vilões nas negociações fraudulentas de ingressos da Copa, desde o Mundial realizado em 1986. Os Byrom são acionistas majoritários das empresas Match Services e Match Hospitality, que prestam serviços para a Fifa na distribuição dos tickets e hospitalidade durante as competições. De acordo com Jennings, atualmente há três tipos de contrato entre a Fifa e as organizações Byrom: um que trata da distribuição dos ingressos para os jogos da Copa no Brasil; outro específico para a acomodação do público estrangeiro no país sede e dos próprios brasileiros que vão se deslocar pelas cidades das competições; e um contrato para a ocupação dos novos e luxuosos camarotes de vidro nos estádios, com todas as mordomias oferecidas como comidas, bebidas e decoração arrojada. Esse último contrato foi feito através da Match Hospitality, que tem como um dos sócios o sobrinho de  Joseph Blatter, presidente da Fifa, Philippe Blatter, e movimenta a maior soma de valores.
Segundo Jennings, os Byrom tinham o controle dos ingressos, e o esquema deles no Brasil incluía os Grupos Traffic e Águia. O dono da Traffic, José Hawilla, é um dos detidos em Zurique nesta quarta (27). Hawilla devolveu US$ 151 milhões (R$ 473 milhões) em um acordo com a Justiça, em dezembro do ano passado, quando confessou a sua participação no esquema. Contra ele tem as acusações de extorsão, conspiração por fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça. Em 14 de maio deste ano foi considerado culpado por fraude bancária. 
Com Ansa
http://www.jb.com.br/pais/noticias/2015/05/27/marin-ex-presidente-da-cbf-e-executivos-da-fifa-sao-presos-por-corrupcao/

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