sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Reação de Aécio foi impecável do ponto de vista da lógica do processo


Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, concedeu a entrevista coletiva de todo dia, e o tema principal, como não poderia deixar de ser, foram as exigências feitas por Marina Silva, da Rede, para declarar apoio à sua candidatura. Entre outros itens, ela quer que o presidenciável retire o apoio ao projeto do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), seu vice, que permite que, em situações excepcionais, menores a partir dos 16 anos possam ser processados criminalmente, o que só seria feito depois de ouvidos o Ministério Público da Infância e da Juventude e a Justiça. Marina, tudo indica, resolveu transformar essa questão num de seus cavalos de batalha.
Ela também quer que o tucano se comprometa com o passe livre estudantil, que se comprometa com metas do MST, que se comprometa com o desenvolvimento sustentável, que… Bem, Marina quer, tudo indica, tomar o lugar de Aécio na chapa. Isso não é negociação.
Na coletiva, a fala de Aécio foi impecável do ponto de vista da lógica do processo: “O essencial hoje é a mudança. O caso não é de abrir mão de propostas. É aprimorarmos. Se formos reconstruir o projeto desde o início, não estamos fazendo uma aliança. Aliança tem que acontecer em torno do essencial. O essencial hoje é a mudança. E eu, pela vontade de grande parte dos brasileiros, tenho a responsabilidade de conduzir essa mudança”.
O candidato voltou a defender a proposta de Aloysio e lembrou que a alteração atingiria apenas 1% das infrações cometidas por jovens entre 16 e 18 anos. Mas disse ver convergências com o programa defendido por Marina nas eleições: “Nosso programa tem muita inserção social, educação e sustentabilidade. Mas, quando se busca um apoio no segundo turno, isso não pode nos levar também a abdicar daquilo que acreditamos que seja essencial para o país. Vejo muito mais convergências entre o que tenho ouvido das propostas da candidata Marina do que divergências”.
E fez uma avaliação correta e historicamente fundamentada: “As mudanças não são uniformes. As pessoas que esperam mudanças se distinguem em determinados aspectos ou temas. Na articulação em torno de Tancredo Neves, tinha desde partidos comunistas à Frente Liberal, considerados por alguns da ‘direita conservadora’. Fizeram isso porque Tancredo representava a possibilidade de reencontrarmos a democracia no Brasil. Uma aliança no segundo turno se dá em torno de objetivos maiores: um governo eficiente e ético”.
É isso! Nada a opor ou a acrescentar. Ou talvez acrescente uma coisa: só o PT, entre os oposicionistas, ficou fora daquele arco de alianças que apoiou Tancredo. E ainda expulsou três deputados que votaram no Colégio Eleitoral: José Eudes, Bete Mendes e Airton Soares. Marina Silva, em 2014, não deveria repetir o PT de janeiro de 1985, há quase 30 anos. É política velha, não nova política.
Por Reinaldo Azevedo

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/reacao-de-aecio-as-imposicoes-de-marina-e-impecavel-ou-lider-da-rede-precisa-tomar-cuidado-para-que-nova-politica-nao-vire-politica-velha/

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