Rio -  O reajuste dos soldos das Forças Armadas de 30% parcelados em três anos dividiu as opiniões nos quartéis. Na proporção de três comentários elogiosos para sete desfavoráveis, a Coluna ouviu ontem praças e oficiais. Como esperado, sargentos e cabos foram os que mais se queixaram do aumento. Do grupo, a maioria concorda com a movimento das esposas e de militares da reserva que promete impedir o desfile do 7 de Setembro no Rio e em Brasília pedindo o aumento de 30% em parcela única a contar já do ano que vem.
Para o movimento, as perdas acumuladas dos soldos somam 145% e o aumento parcelado de nada adiantará (confira ao lado a comparação entre os dois índices de reajuste, o concedido e o pedido pela tropa).
Foto: Arte: O Dia
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“A profissão de militar, depois desse reajuste de 30%, ficará comprometida e insustentável”, disse praça à Coluna. “Para mim já chega. Vou sair da Marinha. Vou fazer concurso para o TCU e Receita Federal”, acrescentou outro. “Daqui a três anos nossos salários estarão muito piores do que agora. Armaram esta arapuca para só podermos reclamar a partir de 2015”, acrescentou outro.
Entre os militares que não reclamaram ou elogiaram o aumento, a maior parte considerou que a correção parcelada é um avanço ante a expectativa de congelamento da renda. “É melhor pingar do que secar”, disse um militar. Oficial, por sua vez, ponderou que os 30% representam ganho real de pelo menos 15%. “Para isso basta considerar uma inflação anual de 4,5%. O aumento proposto é uma sinalização positiva do governo de que é necessária uma política de recuperação do poder de compra dos soldos”, disse.