segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

JUIZ DE FORA CARNAVAL 2012 - DOMINGO DE DESFILES


Na primeira noite de desfiles na Passarela do Samba, o destaque foi a garra dos componentes, que mostravam o empenho de lutar por uma melhor colocação de suas escolas. No dia em que desfilaram as agremiações dos grupos B e C, teve passista que sambou com sandália arrebentada e gritos que ordenavam a volta por cima. O clima era de otimismo entre os componentes na busca por uma vaga no Grupo A.
A abertura da Passarela também contou com a presença da corte carnavalesca que, ao lado do superintendente da Funalfa, Toninho Dutra, deu as boas-vindas aos foliões, que não lotaram as arquibancadas.
Uma ocorrência, depois dos desfiles, deixou revoltados os dirigentes das escolas. Três carros alegóricos que estavam estacionados na Avenida Brasil, após a ponte do Bairro Manoel Honório, foram incendiados. O Corpo de Bombeiros controlou as chamas, e ninguém se feriu.
Vale do Paraibuna
Comissão de Frente foi o grande destaque da Vale do Paraibuna
A Vale do Paraibuna levou para a Passarela do Samba uma Bahia multifacetada. Com 330 componentes, divididos em 11 alas e dois carros, a única representante do Grupo C mostrou o enredo "O negro é arte na Bahia" e teve um início de desfile morno, já que as arquibancadas ainda não estavam tomadas pelo público, mas deixou a avenida sob fortes aplausos. O destaque da escola foi a comissão de frente. Com oito componentes apresentando passos que representavam a dança negra trazida da África, a coreografia de Fernando Valério contagiou a plateia. No entanto, escola deve ser penalizada, já que o desfile ultrapassou o tempo máximo permitido em cerca de quatro minutos e meio.
Juventude Imperial
Enredo da Juventude Imperial fala da luta da escola pela volta ao Grupo Especial
Figura cativa das rodas de samba juiz-foranas, o intérprete Flavinho da Juventude levantou a plateia, no desfile da Juventude Imperial, primeira representante do Grupo B a entrar na Passarela do Samba. Ele defendeu o enredo "Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima", que chamava os componentes para o retorno à elite do carnaval, após o rebaixamento do ano passado. Na passarela, cerca de 450 componentes, 13 alas e três alegorias convidavam o público a uma viagem ao passado, relembrando os principais momentos da escola. E, para saudar a plateia, o coreógrafo Joseph Santos levou a corte portuguesa. Logo atrás, o carro abre-alas trazia o Bairro Furtado de Menezes, representado por suas ruas e casas. Com 80 ritmistas, a bateria também agradou com paradinhas que estimulavam o público a cantar.
Retiro
Carro da Unidos das Vilas do retiro homenageia Banda Daki
Com o enredo "Juiz de Fora - A pioneira Manchester Mineira", a Unidos das Vilas do Retiro emocionou o público ao desfilar a história da cidade, lançando mão de homenagens a personagens e marcos históricos, com três carros, 11 alas e 437 componentes. Um dos pontos altos foi a segunda alegoria, que levou um pedaço da Banda Daki à passarela, com a presença do general do mais tradicional bloco da cidade, Zé Kodak. O carro trazia um trio-elétrico cenográfico e contava com o efeito de uma chuva de confetes e fumaça. Bem atrás, integrantes do Domésticas de Luxo aproveitavam a lembrança do grupo no enredo para garantir uma dobradinha neste carnaval.
Já no último carro alegórico, que representava a cena cultural local, o artista plástico Roberto Bellei encravou seu cavalete para pintar um quadro durante o desfile. Ele retratou a Usina de Marmelos, que também foi tema do carro abre-alas. "Acho que pode ser um dos quadros mais bonitos de minha carreira, porque vai sair com muita emoção", disse, garantindo que o balanço da alegoria não iria atrapalhar. A velha guarda do Retiro foi uma das mais empolgadas do primeiro dia de desfiles.
União das Cores
Comissão de frente da União fez referência à miscigenação na Bahia
Segunda escola da noite a levar a Bahia para avenida, a União das Cores apresentou o enredo "Sou feliz, ninguém mais feliz que eu. Bahia, o senhor do Bonfim me atendeu." Trazendo réplicas do Elevador Lacerda e do Farol de Itapuã, famosos cartões postais de Salvador, o carro abre-alas foi um dos mais altos da noite, com um destaque a mais de cinco metros de altura. E para dar vida ao enredo, a agremiação contou com cerca de 400 componentes divididos em 13 alas e acompanhados por três alegorias.
Na comissão de frente, os carnavalescos fizeram uma referência à miscigenação que marca origem do estado. Oito bailarinos, divididos entre índios, portugueses e escravos, e coordenados por James Melandre, pediam passagem para a escola que tem sede no Milho Branco. As baianas vieram para purificar o público, com uma referência à lavagem do Bonfim. Uma das alas mais irreverentes foi a que trazia os turistas que visitam o estado. Munidos de máquinas fotográficas de plástico, os integrantes fingiam tirar retratos da plateia.
Acadêmicos do Manoel Honório
A grande homenageada da noite não marcou presença na Passarela do Samba. A Lua - tema do samba-enredo da Acadêmicos do Manoel Honório - não podia ser vista no céu, mas segundo o carnavalesco Aloísio Costa, o satélite natural estava em eclipse. Antes da escola entrar na avenida, o clima era de tensão. Após o início do tempo regulamentar, os organizadores ainda corriam para deixar pronto o último carro, que tinha o vereador José Tarcísio Furtado (PTC) como destaque. Apesar de não ter levantado o público, que agitou pouco no primeiro dia de desfiles em todas as apresentações, a escola de samba do Manoel Honório fez uma bonita participação, sendo aplaudida em alguns momentos. O carro abre-alas, intitulado "São Jorge Guerreiro" era representado por um grande cavalo branco sobre um dragão. Em seguida, no Carro das Lendas, a caracterização de uma bruxa, que arrastava um grande calabouço, foi considerado por muitos o diferencial do desfile.
A rainha do carnaval de Juiz de Fora, Marcela Almeida dos Santos, precisou colocar, literalmente, os pés no chão durante a apresentação. A sandália arrebentou durante a apresentação da Acadêmicos do Manoel Honório mas, segundo ela, isso não era motivo para parar de sambar. "Só paro na Quarta-feira de Cinzas, quando coloco os pés para cima e relaxo." A agremiação do Manoel Honório desfilou no tempo regulamentar. Os cerca de 450 componentes, sendo 60 na bateria, foram divididos em oito alas, com 22 destaques.
 Rivais da Primavera
Escola de Benfica levou enredo sobre a história do café à Passarela do Samba
A Rivais da Primavera, escola que tem o reduto em Benfica, na Zona Norte, entrou na avenida com o desafio de contar a história do café e sua importância para a cultura e economia do país. A pesquisa para transformar o tema em enredo demandou meses de pesquisa, conforme o carnavalesco Carlos Alberto Rachid, que também é autor do samba. Sem qualquer imprevisto na concentração, a Rivais da Primavera cumpriu o desfile dentro do tempo regulamentar.
O enredo "A saga do café em terras brasileiras" foi contado por meio de quatro carros alegóricos. O último, intitulado "Baluarte café", homenageava a velha guarda da escola. Os cerca de 600 componentes foram divididos em 13 alas, sendo 80 na bateria. Destaque para duas crianças, de 9 e 10 anos, responsáveis por tocar cavaquinho e acompanhar o intérprete Gê de Ogum, que também é um dos autores da música. A diversidade de cores das alas foi um diferencial, observado inclusive pelos foliões presentes na passarela.
 Turunas do Riachuelo
A telefonista Ana Beatriz da Costa carregou o estandarte da Turunas na avenida
Coube à Turunas do Riachuelo, primeira escola de samba a ser fundada em Minas Gerais, e a quarta no Brasil, encerrar o primeiro dia de desfiles em Juiz de Fora. Foi no samba enredo "A, E, I, O, Urca", uma reedição do carnaval de 1978, quando a agremiação foi campeã, que a comunidade depositou as esperanças para retornar ao grupo A, já no próximo ano. O desafio era contar na avenida a história da vida boêmia do Bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, entre as décadas de 30 e 40.
Os cerca de 400 componentes, entre eles 80 na bateria, entraram na avenida atrás de uma bonita e coreografada comissão de frente, que mesclava expressão corporal e interpretação a todo o momento para representar símbolos do bairro carioca. O público gostou e aplaudiu várias vezes. No primeiro casal de mestre sala e porta-bandeira estava a telefonista Ana Beatriz da Costa, 20 anos de idade e oito de carnaval. Exaltando muito as cores da agremiação, azul e branco, a Turunas colocou quatro carros alegóricos na passarela. O último, que representava os programas e auditório da extinta TV Tupi, tinha como um dos destaques um sósia do comunicador Chacrinha. O desfile terminou por volta de 3h50, e foi concluído sem estourar o tempo regulamentar (de 40 a 60 minutos).

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